Em 2016 você cresceu, ou se tornou numa pessoa meia bomba?
2016 já era. Mais uma página virada, mais um ano como todos os outros. Teve gente que saiu do lugar, teve gente que ainda nem sabe o que está acontecendo. Tiveram aqueles que encontraram um grande amor, outros que ficaram amargurados porque a história não vingou. Muita gente se esforçou e venceu a batalha contra o álcool, outros caíram na cilada de experimentar uma substância ainda pior. Teve gente que se arriscou, tirou um projeto do papel e colheu bons frutos, enquanto outros perderam tempo fazendo um papelão.
Ficaram para trás as bocas que beijamos; as curtidas que trocamos e que nos renderam um sorriso de moleque no canto da boca. Viraram passado todas as fotos que você postou e fizeram sucesso, os seguidores que ganhou, ou perdeu (e que não farão a menor diferença na sua existência).
Foi-se mais um ano tentando melhorar o corpo, mais 12 meses dando piruetas em festas, experimentando novas roupas, pessoas, camas e drogas. 2016 terminou e junto foram-se as mensagens visualizadas e não respondidas; os encontros e desencontros. Algumas pessoas saíram de cena e outras surgiram com novos romances, novos cheiros, novas químicas. Muita gente cresceu tomando esteroides, alguns tomando Viagra, e poucos cresceram com as experiências de vida. Em 2016 você cresceu, ou se tornou numa pessoa meia bomba?
Uma pessoa meia bomba aceita café aguado, piscina com água batendo na cintura; se esconde atrás de um passado mal resolvido, perde tempo vivendo uma vida que não é dela; está sempre atrás de notoriedade, sexo fácil, beijo sem envolvimento, amor por encomenda, coração para pronta entrega, balada de segunda a segunda. Uma pessoa meia bomba sempre reclama que o lanche do McDonald’s não é igual ao da propaganda, mas ela nunca é igual a foto do próprio perfil; trata como zero carbo as pessoas que as tratam como gorduras trans (puxa saco do povo que as evita a qualquer custo).
Uma pessoa que cresce não se preocupa muito com o que os outros vão pensar a respeito dela; sabe que as chances de as coisas darem certo são as mesmas de darem errado, mas ela foca sempre no lado positivo. Entra num relacionamento sem muita neurose, ama sem competição, sem estrelato, sem mimimi; aprende a seguir o próprio destino com mais alegria e menos rancor; investe mais tempo nos amigos reais do que nesse mundo de mentirinha das redes sociais. Uma pessoa que cresce entende que não dá para estar no controle de tudo, aceita um “Não” sem muito drama e diz “Sim” quando alguém aparece disposto a somar.
Entra ano sai ano a gente se pega fazendo os mesmos planos, juntando os cacos e colocando reponsabilidades no Cara lá de cima pelas coisas que não saíram como o planejado. O tempo está passando, é impossível trabalhar num lugar que você odeia, namorar quem você não ama, viver num lugar que não tem nada a ver com você (a gente está onde a gente se coloca). Chega de sacrificar o corpo só para sair bem na foto, ir para a festa mais badalada com a galera e deixar de lado o aniversário da própria mãe. O corpo, a cama e a alma precisam estar sincronizados, falar o mesmo idioma.
Que em 2017 possamos proteger a autoestima com camisinha, ter mais segurança para enfrentar a angústia existencial; que possamos deixar de lado esse sadomasoquismo em nos apaixonarmos pelos comprometidos, ou pelas pessoas que não correspondem à altura. Que em 2017 a verdade não seja apenas um fetiche, e que a hipocrisia seja algo realmente broxante. Que expulsemos da cama os sentimentos destrutivos que nos tiram o sono e sintamos mais atração pelo que nos faz sorrir, gozar da felicidade do recomeço, dos novos ciclos, das páginas em branco, dos lençóis lavados, do amor que ressuscita dentro de nós.
Feliz Ano Novo!!!
Bruno de Abreu Rangel