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Professor Turzinho e seus Ditos

Arthur Virmond de Lacerta Neto 15 de Dezembro, 2016 15h38m

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É uma coletânea de frases lacônicas, divertidas, inteligentes (ou não), picantes, pitorescas, elegantes ou nem tanto. Proferi a maioria delas; fantasiei outras.

Com base em vários ditos, Leoncito Metódico concebeu, desenhou e redigiu a historinha abaixo. É fictícia e colabora na erradicação da homofobia. Quem ler os Ditos perceberá a coincidência entre eles e parte dos diálogos. O protagonista é professor, mas nada, nos quadrinhos, indica que a cena se dá em alguma escola. 

 
Antes de que haja interpretações malevolentes e imaginosas, e fofocas, já vou avisando que os quadrinhos não insinuam nem exprimem que eu assedio alunos nem que o fiz. E se o fizera, acaso os professores são proibidos de se interessar por alunos ou alunas ? Os professores não são pessoas como as outras quaisquer ? E os alunos ou alunas são proibidos de interessar-se pelos seus professores ou professoras ? Uns e outros são obrigados a ser angelicais e celibatários ? Professor é padre ? Aluno é padre ? Não sou padre (sou ateu), não leciono em seminário nem para padres, não cobiço o homem nem a mulher alheia.

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Ditos
 
Arthur Virmond de Lacerda Neto.
Outubro de 2016.
 
Colecionei alguns ditos, como declarações isoladas ou breves diálogos, verídicos na sua maioria (de autoria minha ou alheia) ou imaginários, e neste caso, verossímeis. Não se cuida de aforismos edificantes, conquanto alguns admitam tal aplicação; são heterogêneos na sua conotação e no seu contexto. Nenhum deles provém de celebridades nem da literatura. Demais, seria fácil produzir florilégio de aforismas ou de citações célebres, de que, aliás, há publicados, como também coletâneas de reflexões ou de pensamentos escolhidos (à exemplo dos de Cícero, do marquês de Maricá, do conde de Ficquelmont, de Nietzsche, de Vauvenargues, de Mazzini, de Augusto Comte, de Pascal, de la Rochefoucauld, de Sofia Germain).
 
Assinalei com um * asterisco os ditos que disse eu.
 
1) Informal.
-Olá, Guilherme. [Disse a Guilherme, do ginásio Viva Academia, em 2016]. *
-Fala, seu Arthur! [Respondeu-me].
 
2) Cerimonioso.
-Meus respeitos à sua senhora.
 
3) Recíproco.
-E aí, lindão !*
-E aí, lindinho !
 
4) Polissemia.
-Levei três picas no cu [injeções na bunda. Em Portugal, pica significa injeção e entusiasmo. Cu significa, lá e no Brasil, a abertura da agulha. Em Portugal chama-se olho do cu o que, no Brasil, se trata por cu].
 
5) Boca suja.
-Vai te foder, seu filho da puta!
 
6) Indignação.
-Puta que pariu !
 
7) Sinônimo.
-Bem haja.*
-Desculpe ?
-Obrigado.
 
8) Indireta.
-Estamos no mesmo pensamento. Se fossemos marido e marido, daríamos certo. [Disse a rapaz, sobre calças que compravamos, em 2016. Ele riu, com leve rubor]. *
 
9) Direta.
– Se me der desconto de R$20, compro-lhe agora, com dinheiro.
 
10) Independente I.
-Cuide da sua vida, que da minha trato eu. *
 
11) Independente II.
-Não dou satisfações a quem não as devo.*
 
12) Curitibano.
-Bom dia.*
[Não responde].
 
13) Hipócrita.
-Curitibano é difícil de fazer amigos, mas quando os faz, é para sempre.
 
14) Contemporizador.
-É melhor não falarmos mais nisto, para continuarmos bons amigos. [Disseram-me].
 
15) Bissexual.
-As pessoas gostam de pessoas.
 
16) Homossexual.
-Vocês mulheres, gostam de homens, certo?
-Sim.
-Então !
 
17) Lésbica.
-Vocês, homens, gostam de mulheres, certo?
-Sim.
-Então !
 
18) Tolerante.
-Cada um na sua e todos em frente.*
 
19) Intolerante.
-Quem não está comigo, está contra mim [frase de Jesus Cristo].
 
20 ) Recusa.
-Você é lindo, lindo !*
-Tchau, tchau !
 
21) Hospitaleiro.
-Fique à vontade; está em casa.*
 
22) Hospitaleiro II.
-Trate bem os amigos, que voltam.*
 
23) Sincero.
-Adorei você!
 
24) Tímido.
Disse nada.
25) Teológico.
-Obrigado, senhor deus.
 
26) Ateu.
-Graças aos homens.
 
27) Positivista [de Augusto Comte].
– Pertencemos à Humanidade.
 
28) Vendedor.
-Baratinho, promoção só hoje.
 
29) Pai educador.
-Quero deixar um filho melhor para o mundo.
 
30) Pai negligente.
-Pago a escola para os professores educarem o meu filho.
 
31) Arrogante.
-Estou pagando !
 
32) Educados.
-Desculpe.*
-Não foi nada. *
 
33) Brasileiro (exceto em Curitiba).
-Aquele abraço!
 
34) Português I.
-Obrigadíssimo. *
 
35) Português II.
-É giro e tem piada. [Disse em Lisboa, em 1995: é divertido, engraçado, “bacana” ou “legal”,
em coloquial brasileiro].*
 
35) Homofóbico.
-Viado !
 
36) Resposta descortês.
-Eu acho que você devia [fazer, não fazer, fazer deste modo ou daquele].
-Não pedi a tua opinião.
 
37) Resposta cortês.
-Eu acho que você devia [fazer, não fazer, fazer deste modo ou daquele].
-Quando eu quiser a sua opinião, vou pedi-la, certo? Por enquanto não a quero, obrigado.
 
38) Interesse.
-Se lhe deita olhares, é elogio [Disse a aluno meu em 2016]. *
 
39) Vaidoso.
-Professor, não; professor doutor.
 
40) Pensamento secreto I.
– Vá à merda.
 
41) Pensamento secreto II.
-Ai, que vontade…
 
42) Elegante.
-Está combinando, hein… [as peças de indumentária; disseram-me].
 
43) Afetuoso.
-Meu querido [Fulano, amigo, colega, rapaz] ou Minha querida [Fulana, amiga, colega, moça].
 
44) Suspicaz.
– Meu querido [Fulano, amigo, colega, rapaz] ou Minha querida [Fulana, amiga, colega, moça].
-Por que me chamou assim ?
 
45) Histórico.
-Roma te saúda, Adriano. A ti também, Antínoo. [Escrevi em “Enigma”, no meu blogue, em 2016].*
46) Divertido.
-Quero pica! [disse amigo meu no Facebook].
-É amor que fica! [respondi-lhe]. *
47) Galanteio.
-Vem, mancebo alado, que amor não é pecado! [versozinho meu inspirado em Antonio Botto, “Motivos de beleza”]. *
48) Literário.
-Os meus leitores podem ser todos; o meu público são os que me entendem.
49) Maturidade.
-A idade da razão começa aos 25 anos, aproximadamente. *
50) Limite.
Vomitou no regaço de senhora, que lhe observou:
-Isto só se admite até os 18 anos. [narrou-me Gonçalo Teotônio Pereira Sampaio de Mello].
51) Eufemismo.
-Padece de intolerância à lactose e, por isto, necessita de, por vezes, recolher-se à solidão. [meteorismo].
52) Erótico.
-Este [ou esta] eu pegava.
53) Reticente.
-Mais não digo. *
54) Cauteloso.
-Mais não digo. Não em público. [Frase minha, em aula, em 2016]. *
55) Dúbio.
– Que profundo; penetrante…
56) Livre.
-Prejudica a alguém ou a si próprio ?
-Não.
-Então faça.
57) Condicionado.
-O que é que os outros vão pensar? O que é que vão dizer ? [Mentalidade do brasileiro de gerações anteriores ao tempo de 2016].
58) Iludido.
-Amor é para sempre.
59) Leitor.
-Quando termino um, já começo [a ler] outro [livro]. *
60) Chavão.
-Tudo bem?
61) Preocupação.
-Você está bem? *
62) Desprendido.
-O troco é seu. *
63) Na cara.
-Não aceito casamento “gay”.
-Quem tem de aceitar ou recusar é quem foi pedido em casamento por um “gay” e não você, que não o foi e se diz hetero.
64) Empático.
-Compreendo-o. *
65) Atento.
-Reparei. *
66) Desatento.
-Não vi. *
67) Egocêntrico.
-Eu; e os outros.
68) Obstinado.
-Tentarei até a última.
70) Esperança.
-Obrigado; declino do convite… por ora. *
71) Respeito.
-Não gosta, não use. Viva e deixe viver. *
72 ) Implícito.
-Para certas pessoas, não se pode falar de certos assuntos, em certos momentos, para evitaremse certas reações. *
73) Na balada.
– Só bebo água: é barata e nunca passo mal. [Minha resposta quando me indagam se não bebo etílicos]. *
74) Dúvida.
-Você é hetero ou o quê?
-Sou o que.
75) Juvenil.
-Arrasou.
76) Irônico.
-Obrigado por não me haver respondido.
77) Mal amado.
-Quem eu quero, não me quer; quer me quer, não quero eu. *
78) Professor.
No mercado, falo à caixa, que me indaga:
-O senhor é professor?
-Sou e assim falara ainda que não o fora e já assim falava antes de o ser. *
79) Nudista.
Em recinto quente:
-Ele quente e eu vestido, ao passo que o meu sistema é ele quente e eu despido. *
80) Casamento.
-Professor, vou me casar.
-Pondere… *
-Preciso me casar.
-Ponderasse… *
81) Casamento II.
-Casamento é homem com homem, mulher com mulher, homem com mulher.*
82) Conservar e melhorar.
-Conservar o bom e melhorar o necessário. *
83) Absoluto.
-Sempre. Nunca. Todos. Ninguém.
84) Relativo.
-Depende, cada caso é um caso.
85) Barba.
-Barba acrescenta e embeleza, sobretudo quem já é belo. *
86) Feiúra.
-Não há feios; há pobres. [Independentemente do juízo individual de beleza física, variável em cada pessoa, é fato constatável que, majoritariamente, os pobres afeiam-se rapidamente, ao passo que a gente de classe abastada o suficiente para curar da sua cútis, mantém-na em melhor estado por mais tempo e, com isto, a sua aparência agradável. Este dito não significa que todo pobre seja feio ou que todo não-pobre seja bonito. Ele não é preconceituoso, mas empírico. Antes de criticá-lo, observe e averigüe se o confirma ou se o infirma.].
87) Instigante.
-O que mais quer perguntar e não se encoraja a fazê-lo ? *
Arthur Virmond de Lacerta Neto

SOBRE O AUTOR

Arthur Virmond de Lacerta Neto

Arthur Virmond de Lacerda Neto é jurista, filósofo, advogado, professor e escritor de sucesso. Nascido em Portugal, ele reside atualmente em Curitiba, e é colunista da Lado A desde 2007.

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