Em 1990, Madonna lançou a turnê Blond Ambition, considerado o fenômeno mais importante da década para a comunidade queer, que ganhou representatividade com a ousadia do espetáculo musical apresentado pela cantora. Junto a um grupo de oito dançarinos brancos, negros, gays, queers e um hetero, a cantora promoveu o que foi considerado o maior show da década pela Rolling Stones. Mais de 25 anos depois, o documentário Strike a Pose traz o reencontro de sete dançarinos da turnê.
Blond Ambition ficou eternizado pelo documentário em preto e branco de Alek Kashishian chamado de “Na Cama com Madonna”. O longa traz os bastidores da turnê num estilo que só seria visto na década seguinte com os reality shows. O documentário trazia abertamente discussões que eram consideradas tabus, como a homossexualidade, a AIDS, o showbizz, fama, divórcio e religião.
Já Strike a Pose, de Ester Gould e Reijeir Zwaan, é construído através do reencontro desses dançarinos, que, depois da turnê, seguiram seus caminhos individualmente, como contaram em uma entrevista ao portal OUT. Muitos deles não chegaram a sequer rever os companheiros outra vez. Mas os sentimentos sobre tudo que passaram juntos logo voltou à mente, como conta Kevin Stea: “O nível de conexão era inesperado. Quando todos entramos juntos na sala, senti que tempo nenhum passou e todos nós voltamos aos mesmos papeis que tínhamos antes, mas cada um com vinte e cinco anos de sabedoria e experiências”.
Oliver Crumes, Luis Camacho, Salim Gauwloos, Jose Gutierez, Kevin Stea e Carlton Wiborn são os dançarinos homens. Gabriel Trupin também fez parte da turnê, mas faleceu por conta da AIDS quatro anos depois.
Um dos aspectos abordado no documentário é justamente a relação deles com a doença, que em “Na Cama com Madonna” aparecia apenas por meio do desconforto dos dançarinos em abordar o assunto. Mais tarde, com a morte de Gabriel, outros dois dançarinos revelaram ser portadores do HIV: Salim e Carlton.
Madonna foi uma dobra na vida desses garotos, que tinham em média 18 anos quando participaram da turnê. É unânime a afirmação de que a turnê foi uma das melhores coisas da vida desses dançarinos e que, apesar das dificuldades seguintes, abriu portas profissionais para todos eles, além, é claro, de terem se tornado porta-vozes oficiais da comunidade LGBT.