A professora de desenho e pintura em tela da Fundação Cultural de Curitiba e professora substituta de Didática da UFPR, Megg Rayara Gomes de Oliveira, apresentou a sua tese de doutorado na Universidade Federal do Paraná, às 14 horas, na sala 1100 do prédio Dom Pedro I, da Reitoria. Megg se tornou a primeira travesti negra a defender uma tese na universidade paranaense. Seu tema foi “O diabo em forma de gente: (r)existências de gays afeminados, viados e bichas pretas na educação”.
A tese traz um estudo com quatro professores negros, homossexuais e afeminados, três do interior do Paraná, e um do Rio de Janeiro, e aponta as relações de preconceito que envolvem a orientação sexual e a etnia no campo da educação. Para a sua argumentação, ela traz toda a experiência pessoal que teve ao longo da sua formação e atuação. Megg é formada em Desenho pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná, conta ainda com especialização em História da Arte e História e Cultura Africana; além de mestre em Educação pela UFPR.
Nascido do sexo masculino, ela conta que se reconheceu menina antes mesmo de se empoderar como negra. Sobre as descobertas da tese, afirma que os professores só conseguiram seguir sua luta quando se empoderaram: “Ficou claro que tanto em cidades do interior quanto numa capital como o Rio, os termos usados para ofender e depreciar esses homossexuais são os mesmos. E que eles só conseguiram se empoderar a partir do momento em que passaram a dizer: ‘Sou isso mesmo’, atribuindo conotação positiva aos termos usados como negativos e assumindo publicamente sua identidade”.
A orientadora de Megg, professora Maria Rita de Assis César, comemorou a conquista da pupila: “Grupos de pesquisa em gênero e diversidade atuam na UFPR há mais de 20 anos. É uma alegria imensa ver uma mulher travesti e negra chegar na universidade sem pedir licença. Megg tem uma competência intelectual imensa e escreveu uma das melhores teses já defendidas no Programa de Pós-Graduação em Educação, sobre um tema fundamental”, afirmou.
Megg Rayara é uma das principais referências sobre gênero na educação e empoderamento negro em Curitiba. No último dia 10, ela participou do programa E-Cultura, da Eparaná, sobre seu trabalho e moda sem gênero.
