A participação de atletas trans em equipes esportivas de qualquer naipe e em qualquer país do mundo ainda é assunto para polêmicas. Recentemente, a atleta goianiense Tifanny Abreu conquistou o direito de competir entre as mulheres na Liga B de vôlei italiana, com autorização da Federação Internacional de Vôlei. Mas as diretorias dos outros times caíram em cima. O mesmo acontece agora, com a atleta trans curitibana Isabella Neris, que recebeu o apoio da Federação Paranaense de Vôlei para competições oficiais do estado, mas ainda encontra preconceito de outros clubes.
Isabella tem 25 anos, mas faz o tratamento com hormônio desde os 17 anos. E, na última semana, em uma reunião na FPV conquistou o direito de competir em nível estadual na categoria feminina. Para ela, não deveria ter motivos que a impedissem de jogar: “Eu tenho a minha documentação com o nome feminino, que consegui no fim do ano passado, tenho a alteração legal de gênero e os testes que indicam a baixa taxa de hormônio masculino”.
Atleta da equipe Voleiras, está há um ano no time e, no último fim de semana, participou do seu terceiro torneio na categoria feminina, conquistando um quarto lugar na I Copa da Mulher, do Galatasaray Voleibol. Agora, a expectativa é ir além e participar de cada vez mais campeonatos, uma vez que tem a chancela da organização máxima do estado.
Ela se inspira na história de Tifanny, que joga pela equipe italiana do Golem Software Palmi. A atleta de 1,94m, jogava na Série B masculina da Bélgica, mas não se sentia bem no ambiente que não condizia com a sua identidade. Agora, mesmo jogando algumas partidas na Liga Italiana e com autorização da Federação Internacional, o presidente do torneio da Itália coloca em xeque a continuidade da brasileira na competição.
Ambas relatam que apesar de muito apoio e carinho, sempre há aquele olhar preconceituoso antes, durante ou depois da partida. Pioneiras, Isabelle e Tifanny estão dando a cara à tapa para que outras possam trilhar os caminhos dos seus sonhos.