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Escola desfaz concurso que elegeu drag como menina mais bonita da escola após post no Facebook

Redação Lado A 05 de Setembro, 2017 11h43m

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Um post da secretária municipal de ensino de Matias Olimpo, cidade localizada a 237 km de Teresina, no Piauí, vem gerado revolta nas redes sociais, após cancelar um concurso de beleza, onde uma drag queen foi eleita a aluna mais bonita da escola.

O concurso ocorreu na Unidade Escolar José Amável, onde o aluno Anderson da Silva, 17 anos, se tranformou em Agatha Lorrana para concorrer ao título, levando o primeiro lugar. Dias depois, a escola Domingos Alves Pereira, do mesmo município, também fez o concurso. Foi aí que a secretária municipal de educação, Sunamita Pinheiro, fez a seguinte postagem em seu Facebook parabenizando a escola e os jurados: “Parabéns à escola, à mesa de jurados por entenderem a distinção de mais BELO e mais BELA. E saberem escolher verdadeiramente a MULHER para representar a classe FEMININA. Uma escola consciente e apta em suas atitudes”, escreveu.
 
Ao verem a postagem na rede, muitas pessoas acharam o comentário discriminátorio contra Anderson, e crítico ao processo de seleção do concurso na escola José Amável. Anderson disse: “Por conta da repercussão do comentário da professora Sunamita, a diretora se viu obrigada a cancelar o concurso. Ela foi em cada sala de aula informar sua decisão. Me senti constrangido porque todos sabiam que eu tinha sido eleita a mulher mais bela da escola e agora perdia meu posto, só o posto mesmo porque a faixa que recebi eu não entrego”, garantiu.
 
De acordo com a diretora da Unidade Escolar José Amável, Rosa Rodrigues, o concurso foi cancelado para garantir a integridade de Anderson: “Nós ficamos temendo pela própria segurança dele e resolvemos cancelar. Infelizmente, a gente sabe que muitos não aceitam, então cancelamos porque a repercussão foi enorme na cidade e ficamos com receio”, declarou.
 
Questionada, a secretária Sunamita Pinheiro se defendeu e disse que a postagem não foi preconceituosa: “Estava apenas parabenizando uma escola municipal. No meu mural eu escrevo o que eu desejar. Eu não me manifestei preconceituosa contra ninguém, não me manifestei mencionando nome de ninguém. Quem me conhece sabe das minhas condutas. Apesar de ser evangélica, tenho muitos amigos homossexuais de quase 20 anos. Eu parabenizei a escola por ter eleito uma mulher para a representar a classe feminina”, argumentou. Em outro texto, disponível apenas para seus amigos, ela diz que não aceita que um homem seja eleito para representar a “classe feminina” e o certo seria que a escola criasse uma categoria de “gay mais bonito”. “Não ofendi ninguém, mas fui e sou contra”, disse ela.
 
Maria de Lourdes Alves, mãe de Anderson, também lamentou a postura da secretária e disse que ficou triste com a repercussão do caso. “Meu filho não teve problemas quando decidiu se assumir para a família. Dei apoio e gostaria que as pessoas respeitassem sua decisão”, comentou a mãe.
 
Anderson disse que já recebeu olhares diferentes por ser gay, mas “nada se compara com a postura dela [da secretária]”. “Desde que descobri minha verdadeira identidade, aos 12 anos, a minha família me aceita, tanto que minha mãe me disse que, se eu desejar denunciar a Sunamita, terei total apoio. Só que, por enquanto, não quero levar isso adiante. Expresso minha indignação e peço respeito”, disse o adolescente.
 
Segundo a escola, o jovem deverá entregar a faixa de aluna mais bela para receber uma de “miss gay”, mas ainda terá direito a participar do desfile de Sete de Setembro, que é garantido a todos os vencedores de concursos de beleza nas escolas da cidade.

 

 
Redação Lado A

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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