As travestis que fazem ponto próximo ao Jockey Club da Avenida Lineu de Paula Machado, em São Paulo, denunciam que policiais militares estão as coagindo e vestindo seus clientes de mulher. Os oficiais que são contratados para fazer a segurança particular do local, cheia de mansões e frequentados pela alta sociedade, ainda fotografaram os clientes das travestis e fazem chantagens. Os policiais são contratados de forma irregular, e recebem até R$ 5 mil reais para eliminar as profissionais do local mesmo com o uso de violência.
Um caminhoneiro que costuma contratar sexualmente as travestis foi um dos fotografados, cuja imagem está sendo compartilhada em grupos de WhatsApp. Na foto, o homem está usando peruca, roupas femininas, maquiagem e demais cosméticos. “Agora eles [policiais] estão dando de pegar os clientes, de vestir os clientes de mulher, e aí ficar tirando foto”, disse uma das travestis para o site G1.
Como já é muito comum no Brasil, a violência nesse caso também atinge as travestis. Os policiais ficam à paisana esperando o encontro delas com seus clientes. Quando começam as negociações sobre o programa a ser realizado, os policiais, além de ridicularizar os clientes e ameaçar divulgar suas fotos caso continuem frequentanfo o local, também agridem as travestis. Segundo as profissionais, elas foram encurraladas em um muro próximo ao local, conhecido como “paredão” e lá sofreram diversas agressões. “Mostram o revólver. Fazem uma grande ameaça psicologicamente. Tentam tirar a gente daqui na marra”, declarou uma das vítimas. Os policiais teriam ainda abordado um grupo de travestis em um restaurante da região e de forma bruta as expulsaram do local.
A Polícia Civil está investigando o caso. Dois dias depois do começo das investigações, os policiais soltaram na internet as fotos dos clientes vestidos de mulher. Os PMs são acusados de atirar com bala de borracha, agredir, jogar bomba de efeito moral e até mesmo ameaçar matar as travestis que trabalham há muitos anos no bairro Cidade Jardim. Temendo pela vida, ao todo 24 travestis estão denunciando aos órgãos competentes desde junho de 2017. A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) está ajudando a Polícia Civil nas investigações e identificação dos PMs que, além de realizarem trabalho ilegal como segurança particular, ainda estão agredindo e ameaçando as travestis. O Centro de Cidadania LGBT da cidade de São Paulo está analisando as imagens para prestar nova queixa ao Decradi.