Redação Lado A | 18 de Julho, 2018 | 13h39m |
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Se estivesse vivo, o líder e ativista pelos diretos humanos, Nelson Mandela, estaria completando hoje cem anos de idade. Nascido em Mvezo, na África do Sul, Mandela foi um grande revolucionário que lutou pelos direitos dos negros e também contribuiu para a comunidade LGBT. A luta pela igualdade racial é uma das caraterísticas mais lembradas ao se falar no líder, mas ele também contribuiu para a legalização do casamento gay na África.
Advogado, Nelson Mandela foi presidente da África do Sul entre os anos de 1994 a 1999. Antes de assumir seu mandato, passou 27 anos na prisão por motivos políticos. No ano de 1962, o líder foi detido por participar de movimentos sociais e incitar greves em seu país. Além disso, a tentativa de levar sua ideologia para outros locais também foi considerada motivo de prisão, já que ele não estava autorizado a deixar o país.
Sua militância começou cedo, ainda quando era universitário. A primeira atuação política aconteceu quando Mandela decidiu se unir ao Congresso Nacional Africano (CNA), partido que lutava pelos direitos dos negros na África do Sul. Nos anos de 1940, foi para Joanesburgo, na África do Sul, fugindo de um casamento arranjado que atrapalharia seu ativismo. Os costumes tribais exigiam obediência do jovem que nasceu em uma comunidade tribal de grande prestígio na região de Mvezo.
Em Joanesburgo, Mandela estudou para ser advogado e fundou o primeiro escritório liderado apenas por negros. Em uma construção simples no bairro humilde de Alexandra, o advogado viveu seus primeiros dias na cidade. No início dos anos 2000 um projeto visava que o local se tornasse um museu, mas nunca foi concluído. Hoje, o local é muito admirado por fãs e a cidade ganhou uma praça em homenagem ao líder Mandela, além de diversas outras atrações turísticas.
Um das das principais lutas de Mandela foi contra o movimento Apartheid. Iniciado pelo Partido Nacional, em 1948, o regime segregacionista não permitia que negros e brancos ocupassem o mesmo espaço. O partido Nacional era formado por pessoas brancas, descendentes de europeus. De acordo com seus critérios, o país seria dividido entre negros, brancos, indianos e “de cor”. Após vencerem as eleições, serviços universais como saúde e educação também eram restritos às pessoas negras que foram perdendo sua cidadania desde a instauração do Apartheid como política oficial.
Com o início da segregação, muitos grupos sociais se rebelaram contra a nova regra. Além disso, o Apartheid gerou consequências diplomáticas no sentido de dificultar relações econômicas entre a África do Sul e outros países que viam essa política com receio. Até mesmo casamentos entre pessoas brancas e negras se tornaram expressamente proibidos a partir de 1949.
A atuação política de Mandela contra esse regime lhe rendeu um outro julgamento em 1964, quando já estava detido. Após esse período, Mandela foi condenado à prisão perpétua e só saiu do cárcere em 1990, após muita pressão popular. Após deixar a prisão para assumir seu mandato como presidente da África do Sul, Mandela convidou para a cerimônia os líderes brancos que contribuíram para a sua prisão.
Embora pouco comentada, a luta de Nelson Mandela pela comunidade LGBT foi de extrema importância na África do Sul. Em meio às leis conservadoras do país sobre relações com pessoas do mesmo sexo, ajudou na luta pelo casamento igualitário. Uma outra pauta do ativista foi a luta contra a Aids. Essa grave epidemia que estava assolando a África do Sul era mantida em silêncio, uma grande tabu.
Em seu mandato como primeiro presidente negro da África do Sul, Nelson Mandela já demonstrou apoio à comunidade LGBT. No ano de 1996, o presidente garantiu uma emenda na lei que protegia homossexuais contra discriminações. “O Estado não pode discriminar injustamente, direta ou indiretamente, alguém por um ou mais motivos, incluindo raça, sexo, sexo, gravidez, estado civil, origem étnica ou social, cor, orientação sexual, idade, deficiência, religião, consciência, crença, cultura, língua e nascimento.”, dizia o novo parágrafo da Declaração de Direitos da África do Sul.
Mandela também abriu espaço para outras frentes políticas de promoção dos direitos LGBT. Em 1994, nomeou para o Tribunal Constitucional do pais o ativista Albie Sachs. Então membro da Coalizão Nacional da Àfrica do Sul para Igualdade Gay e Lésbica (NCGLE), Sachs continuou em seu cargo até 2009.
Por fim, ano ano de 1996, o governo de Mandela permitiu que LGBTs adentrassem às forças Armadas. Todos esses processos e avanços nos direitos LGBTs culminaram em um vitória ainda maior. Em 2005, a Àfrica do Sul se tornou o primeiro país de seu continente a legalizar a união homoafetiva.
SOBRE O AUTORRedação Lado AA Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa |
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