Justiça condena escola que demitiu professora transexual

Redação Lado A 13 de Setembro, 2018 15h12m

Após ser demitida de uma escola de São Paulo por ser transexual, a professora Luiza Coppieters, 39, ganhou na Justiça o direito de retornar à instituição. Há três anos, a professora de filosofia foi desligada do Colégio Anglo Leonardo da Vinci sob a justificativa de não estar cumprindo com suas obrigações.

A demissão se deu logo após a professora se declarar transexual, em 2015. Enquanto dava aulas no colégio, Luiza era tratada no masculino, chamada de professor Luiz. Com o tempo, ela começou a sua transição e trocou as roupas masculinas pelas femininas. Nas redes sociais, Luiza postou pela primeira vez uma foto em que aparecia maquiada e a partir daquele momento, revelou ser transexual.

Na escola, os estudantes questionaram sobre a nova aparência da professora. Ela então explicou que é uma mulher transexual e lésbica. Seus alunos aceitaram a novidade e até mesmo os pais declararam apoio à professora. Logo após se assumir, ela foi desligada do quadro de professores do Anglo que negou ter sido transfóbico.

Antes de demitir a professora, o colégio diminui suas aulas, o que causou muitos transtornos para Luiza. Seu salário foi reduzido em aproximadamente 80% e ela passou por uma grave crise financeira. Foi despejada de seu apartamento, passou fome e entrou em depressão devido à esses problemas.

Diante de todos esses infortúnios causados pela demissão, a Justiça considerou o caso de Luiza. Para a juíza Daiana Monteiro Santos, houve sim discriminação em virtude de identidade de gênero. A juíza da 2ª Vara do Trabalho de Barueri decidiu então que a escola deveria recontratar a professora e pagar a ela uma indenização por danos morais no valor de R$ 30 mil reais. Além disso, todos os salários que a professora teria recebido desde 2015 até hoje, também deverão ser pagos.

Colégio Anglo Leonardo da Vinci

Em sua defesa, o Colégio Anglo emitiu uma nota. Segundo a instituição, a professora foi demitida “por problemas de ordem profissional”. Essa declaração foi dada logo em seguida da demissão, quando a professora explanou o caso na Justiça. Agora, o Colégio declarou também em nota que vai cumprir a decisão da Justiça, readmitindo a professora e pagando a indenização. No entanto, a escola continua afirmando que não houve transfobia e que o assunto já foi esclarecido perante a Justiça.

 

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