Professor de Colombo é censurado por abordar gênero em sala de aula

Redação Lado A 06 de Outubro, 2018 12h46m

Um professor de um colégio do Paraná foi advertido por abordar questões de gênero em sala de aula. A censura, incentivada pelas frentes conservadoras que estão avançando no país, mais uma vez, volta a prejudicar a comunidade LGBT. Em um colégio público da cidade de Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba, pais de um aluno procuraram a escola. O motivo da notificação era reclamar do conteúdo veiculado em sala de aula.

Mesmo com matérias amparadas pelas autoridades educacionais, o professor foi questionado. Docente da disciplina de filosofia, ele abordou a obra de Marilena Chauí, intitulada “Iniciação à Filosofia”. Em tal obra, foi abordado o conteúdo denominado “De olho na atualidade: Gênero, sexualidade e representatividade”.

O objetivo do docente era discutir, no âmbito social, educacional e filosófico sobre as questões de discriminação. Hoje, o Brasil é o país que mais mata LGBT e assuntos como esse devem ser discutidos em sala pra diminuir a violência. Por isso, o professor usou de seus conhecimentos pertinentes à disciplina de forma correta. Por outro lado, ocorreu a censura devido à ideologia conservadora.

A obra abordada em sala de aula sempre esteve dentro dos parâmetros educacionais. O livro é amparado pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNDL) e pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação do Ministério da Educação (MEC). Dessa forma, não existem restrições sobre o uso da obra para os alunos do 1º ano do Ensino Médio.

Para os pais do aluno, o professor estaria promovendo “ideologia de gênero”. O termo não existe, e é usado, como pelos pais do aluno, para distorcer assunto sobre a comunidade LGBT e mulheres. O argumento falacioso diz que os alunos serão influenciados a serem LGBT. Assim, para eles, não se manterá mais a instituição familiar.

Denúncia

Diante da censura, o professor não se calou. Dirigiu-se até a delegacia mais próxima e registrou um Boletim de Ocorrência. Depois, o docente procurou o Grupo Dignidade e a Aliança Nacional LGBT+, entidades de apoio à comunidade LGBT, para receber orientações. As entidades por sua vez acionaram os órgão educacionais competentes e responsáveis pelo estabelecimento de ensino onde ocorreu a censura. De acordo com a Constituição Federal e outras legislações educacionais, não é permitido censurar a liberdade de expressão e o direito ao saber plural e democrático.

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