Bruno Uerba | 17 de Janeiro, 2019 | 23h33m |
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Li isso em algum livro. Não sei se foi Freud, Osho, ou algum outro escritor famoso quem escreveu, mas eu estou repetindo em 2019: “A vida humana na Terra é uma experiência que deu errado”. Duvida? Dá uma espiada aqui embaixo:
Seu melhor amigo está flertando com alguém nas redes sociais e, você, com a baixa autoestima gritando, resolve seguir o carinha; metralha de likes, trocam mensagens, salivas, cromossomos e depois aparece fingindo que não sabia de nada: “Amigo, nem imaginava que vocês se falavam, ele que veio atrás de mim, super insistente por sinal”. [Pausa e silêncio]. Mas que coincidência, que mundo pequeno, muito louco isso, tô passado.
E quando você julga a amiga que toma bala na balada: não saio mais com ela, muito pesada, energia ruim. Mas você mesma toma remédio pra acordar, remédio pra dormir… Remédio pra cortar o apetite, remédio pra voltar o apetite, remédio para pressão, remédio para depressão, ciclo de anabolizantes de 3 em 3 meses… E insiste destilar o veneno: ela vai acabar capotando a qualquer hora, se continuar com esse estilo de vida.
Você não consegue ficar feliz pelo próximo e, ao invés de ficar na sua e conviver com a inveja em silêncio, você se torna numa pessoa inconveniente: “bonita a jaqueta, meio 2012 né?”, “Vai pra Tailândia, só pobreza, tô fora!”, “Tá namorando o fulano? Ele é gato, mas já pegou a cidade inteira, bacana que você não liga pra isso”. “Circuito de Barcelona? Aproveite, mas cuidado, geral pegando HIV nessas festas”. Ou “Passou em primeiro lugar num concurso federal? Parabéns, sorte sua que não está tão concorrido como antigamente…”.
4- A fofoqueira online
O primeiro barraco ou vídeo que vaza na internet e você não consegue conter a maldade e já sai compartilhando e acrescentando suas piadinhas de quinta, as quais lhe darão 2 minutinhos de atenção, quando na realidade você quer apenas diminuir a pessoa em questão para se sentir superior.
Embora você se diga religiosa, na primeira oportunidade não mede esforços para prejudicar alguém. Isso quando não encasqueta de bater um tambor para adquirir coisas que não merece, se esquecendo de que o diabo sempre volta para coletar. Logo, da luz a escuridão, só dá você pagando vexame – com a vida estática – sem sair do lugar. Sua macumba só vai vingar mesmo quando a galinha sacrificada for você.
Você sabe que a idade chegou, no entanto insiste em pagar de modelete no Instagram enquanto poderia estar sentado numa praça lendo um livro e jogando milho para os pombos. Como se não bastasse, você perde a oportunidade de ficar quietinho e sai distribuindo críticas aleatoriamente sem olhar para o próprio umbigo. Adriana Lima que é uma angel, acabou pendurando as asas da Victoria Secrets, imagine você que é o capeta.
Você vive articulando planos e estratégias mal sucedidas para se vingar das pessoas, vive stalkeando e criando situações mirabolantes na sua cabecinha psicótica. Arquiteta episódios de confusões e barracos, azucrina a vida das pessoas, surta e depois aparece que nem a Britney Spears como se nada tivesse acontecido. Hora de encarar o lado menos bonitinho da sua própria personalidade.
Você sofreu bastante bullying quando criança, passava despercebido pelos coleguinhas da escola e se sentia o coco do cavalo do bandido durante a adolescência. Daí descobriu uma paradinha que você injeta e fica fortinho e, ao invés de ser uma pessoa educada com quem não lhe interessa, o que você faz? Você é escrota da mesma forma que foram com você – e o ciclo da intolerância continua bombando, de geração para geração. Parabéns, escroto.
Então, você começa um relacionamento para ferir o ex; para tirar vantagem de algo/ alguém; pra se esquivar da solidão, já que não tem coragem de enfrentar o próprio silêncio. Depois, sai chorando pelos cantos quando quebra a cara, dizendo que amor não existe e que você só leva paulada da vida. Pare, menos – bem menos.
Afinal, você está casado e é refém da síndrome do casamento perfeito, mas, porém, todavia, no entanto, ao invés de fazer uma terapia e alugar os ouvidos de um psicólogo, o que você faz? Julga e prejulga quem atravessa o seu caminho. Dissemina fofoquinhas sobre os outros casais; aponta o dedo para o estilo de vida dos solteiros (“tá encalhado o infeliz”); discrimina pessoas que frequentam sauna, que usam aplicativos para fins sexuais, que fazem sexo a três, ou em grupo; faz piadinha com os subvertidos que curtem um “sexo sujo”, mas o que você não imagina é que o seu maridinho já pegou a cidade inteira. Ele faz tudo que foi citado acima e põe qualquer piriguete no chinelo.
Nossa jornada na Terra é curta, passageira e cheia de imprevistos. O nosso corpo, a saúde, o emprego, a conta bancária, são apenas o pano de fundo dessa superprodução que chamamos de vida. O amanhã está fora da nossa programação. Na maioria das vezes, pessoas escrotas são indivíduos mal resolvidos que agem por impulso, que não têm controle sob as próprias emoções, ou que não aprenderam com os erros do passado. Comeram o pão que o diabo amassou e querem que todos ao seu redor sintam a mesma infelicidade. Sentem-se confortáveis para serem ruins porque não confiam na lei do retorno: toda ação gera uma reação. Acreditam que vão deixar esse mundo sem pagar pelo que fazem.
Saiba: errar é humano sim, cometer um erro, propositalmente, com alguém que enfrenta as mesmas dificuldades arco-íris que você, é um sinal de que você é uma bee escrota.
Bruno de Abreu Rangel
brunorangelbrazil@hotmail.com
SOBRE O AUTORBruno UerbaBruno de Abreu Rangel é um celebrado escritor carioca e tem três livros publicados. Atualmente ele reside nos EUA e é colunista da Lado A desde 2014. |
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