Aplicativos de relacionamento podem afetar saúde mental de gays, diz médico

Redação Lado A 13 de Março, 2019 14h15m

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O médico Jack Turban realizou uma pesquisa sobre o uso de aplicativo de relacionamentos por homens gays. O foco do estudo foi o efeito de aplicativos como Grindr na saúde mental de seus usuários. De acordo com o médico, o aplicativo oferece avisos para testes de HIV, mas poderia também oferecer maior suporte com relação à saúde mental.

De acordo com a análise de Turban, conforme publicou em artigo no Queer Feed, o uso de aplicativos como o Grindr pode causar problemas com relação à saúde mental. Uma das justificativas para esse fenômeno que o autor aponta é a rápida satisfação das relações vazias do que ele chama de “banheirão digital”.

Para o médico, a comunidade gay é comumente pressionada pela sociedade e pela família que não aceita totalmente a condição de homossexual. Apesar de os assuntos de homoafetividade e casamento gay estarem mais em pauta na sociedade nos dias atuais, a pressão e o preconceito ainda existem. Dessa forma, aplicativos de relacionamento são uma forma momentânea de suprir determinadas necessidades afetivas e físicas.

Turban explicou que qualquer relação homoafetiva está muito perto e pode ser acionada com rapidez através da tela do celular. Por outro lado, essas relações não são duradouras, e suprem as necessidades emocionais do usuário temporariamente. Além disso, o médico apontou que os usuários procuram parceiros pelo Grindr em momentos de necessidade afetiva ou sexual. Depois esses encontros acabam sem nenhum tipo de vínculo. Assim, quando necessário, o usuário procura novamente o mesmo tipo de relação e torna esse ciclo um vício. Depois dos encontros, a sensação de vazio e solidão voltam e podem desencadear quadros severos de ansiedade e depressão.

O estudo

Para chegar a essa teoria, o médico fez um perfil no Grindr para se comunicar com os usuários da comunidade. Em sua descrição, ele escreveu que gostaria de conversar com os usuários sobre as relações que são fruto do aplicativo. Em pouco tempo, obteve inúmeras respostas. De acordo com o médico, a maioria dois usuários que responderam relataram sobre a superficialidade das relações e os efeitos disso na saúde mental.

Alguns usuários relataram que entravam no aplicativo quando se sentiam mal. A atenção e o interesse sexual obtidos ao encontrar outro usuário interessado fazia com que esse sentimento diminuísse. O objetivo era não se sentir mal e não necessariamente passar a se sentir bem com aquela correspondência sexual ou afetiva.

Por fim, o médico Jack Turban afirmou que mais de 50% dos homens gay apresentam quadros de depressão. Turban usou ainda um outro estudo, da Time Well Spent. Segundo essa pesquisa, 77% dos usuários do Grindr se arrependem após o uso do aplicativo. Com isso, o médico endossou sua teoria de que a satisfação é momentânea. Ao acabar, faz o usuário voltar aos antigos sintomas de problemas mentais que dessa vez podem estar potencializados.

 

 

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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