Recém indicada para cargo executivo do MEC diz que educação deve ser vista “sob a ótica de Deus”

Redação Lado A 18 de Março, 2019 16h11m

Na última quinta-feira, 15 de março, o ministro da educação Vélez Rodrigues indicou a pastora Iolene Lima para o cargo de Secretária Executiva do Ministério da Educação. Logo após a indicação, internautas pesquisaram sobre a atuação da pastora evangélica no campo educacional. Iolene, além de pastora evangélica, também é pedagoga e já foi diretora de uma escola de São Paulo.

Após algumas pesquisas, começaram a circular vídeos que demonstram o posicionamento da pastora sobre educação. Em um vídeo de 2014, a pedagoga passa por uma entrevista para um canal evangélico no qual diz que seu método é baseado em princípios cristãos. De acordo com Iolene “o aluno aprende que o autor da história é Deus”.

A pastora era diretora de uma escola em São José dos Campos, no interior de São Paulo. No vídeo, ela explica um pouco mais sobre a sua atuação, sempre citando assuntos evangélicos. A pastora diz ainda que todas as matérias e conhecimento científico aplicados na escola são de autoria de Deus.

Ainda de acordo com as palavras de Iolene, essa abordagem não limita o conhecimento do aluno. Ela comenta ainda que o professor, a partir da Bíblia, pode interferir no aprendizado ao passar o conhecimento formalmente. “Somente em Cristo nós podemos educar bem”, afirmou.

Para embasar suas afirmações, Iolene deu um exemplo. A pedagoga e pastora disse que se um aluno ouvir que não pode desperdiçar água, provavelmente não obedecerá. Por outro lado, se ele ouvir que não pode desperdiçar água porque isso não é aprovado por Deus, o aluno aplicará de fato isso em sua vida.

Estado Laico e resistência

O posicionamento com relação à metodologia de ensino exclusivamente cristã fere o Estado Laico. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), no que diz respeito ao Ensino Religioso, o artigo 33 o ensino deverá assegurar o “respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo”. Isto é, a educação não pode ser vista unicamente sob a ótica cristã, como sugere Iolene.

A indicação da pastora para o Ministério da Educação enfrentou certa resistência por parte dos demais membros do governo. A ideia de entregar um cargo tão importante para Iolene causou uma preocupação principalmente por parte da Casa Civil. Seu ministro, Ônyx Lorenzonny deverá se reunir novamente com o Ministro da Educação e com o presidente Jair Bolsonaro para decidir.

Veja o vídeo

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