Transespécie: performer que não se identifica com a forma humana vive como cão e boneca

Redação Lado A 21 de Junho, 2019 12h41m

Mais uma forma de existir em sociedade está reunindo cada vez mais pessoas com a mesma identidade. Embora tenham nascido como seres humanos, essas pessoas não se identificam como tal. Gato, cachorro, aves e até camaleão já foram performados por quem não quer ser humano, mas sim assumir outra forma.

No caso do performer e designer brasileiro Raio Gama, não foi diferente. Hoje com 31 anos, o artista disse que se identificou com um animal quando colocou uma máscara de cachorro. Antes disso, quando ainda vivia exclusivamente como humano, Gama disse não se sentir representado e não se identificar com essa forma.

Todos os afazeres do cotidiano dos transespécies são realizados sempre com sua identidade. No caso de Gama, o performer faz tudo com a máscara e outros acessórios de cachorro. Quando não se expressa como animal, o artista usa elementos de boneca. Muitas pessoas estranham a condição do artista, enquanto outras até tentam fazer com que ele se comporte como humano.

Nos EUA, cada vez mais pessoas estão descobrindo a possibilidade de outras identidades que não sejam humanas. A artista Moon Ribas, moradora do Texas, fundou uma organização sobre transespécies. A Transespecies Society é uma organização local que reúne pessoas com a mesma condição. O trabalho da associação acontece de forma independente e busca refletir e promover a liberdade de expressão dos transespécie.

De acordo com Ribas, a necessidade de um movimento específico surgiu porque várias pessoas são transespécie. O transhumanismo, como ela chama as transições entre humanos, não representa pessoas que não se identificam dentro da ideia de humanidade. Assim, a ideia não é superar os seres humanos, mas ter a liberdade de exercer outra identidade.

Cirurgia

Algumas pessoas pensam em intervenções cirúrgicas para adequar o corpo à espécie de identidade. O brasileiro Raio Gama disse que prefere manter as suas formas originais. Assim, ele vive sua performance apenas com acessório e expressão corporal de acordo com a identidade.

Já nos EUA, cada vez mais transespécies são adeptos das cirurgias. Algumas pessoas colocam implantes para ter capacidades de animais. Presas, sensores, garras, pelos e outras características são implantadas. No caso de Moon Ribas, há um sensor nos pés que a permite detectar tremores de terra. Dessa forma, ela fica com a sensibilidade aguçada como a de um animal. Outro transespécie que fez alterações corporais é um amigo de Ribas. Neil Harbisson, também membro da Transespecie Society, tem sensores nas orelhas e consegue prever quando vai chover.

Veja fotos de Raio Gama

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