“Me ajudou a mudar de vida”, diz ex-detento trans sobre Paolla Carosella, coordenadora do Projeto Cozinha e Voz

Redação Lado A 08 de Julho, 2019 12h04m

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A chef e jurada do reality show MasterChef foi homenageada por um ex-detento transexual. John Maia, de 35 anos, cumpriu pena na Penitenciária Feminina Consuelo Nasser. Antes da transformação da sua vida, o rapaz chegou a ser dependente químico. Durante uma visita à penitenciária em 5 de julho, Paolla Carosella, 46 anos, compartilhou o momento de afeto na internet.

John Maia foi um dos participantes do programa Cozinha e Voz. O projeto é uma iniciativa da chef Carosella para ajudar pessoas trans em situação de vulnerabilidade social. Através do Cozinha e Voz, a chef ministra cursos de culinária profissionalizantes para ajudar essas pessoas na inclusão social com uma profissão.

A visita de Paola à Penitenciária Feminina Consuelo Nasser teve o objetivo de expandir seu projeto. Nesse dia, a jurada do MasteChef inaugurou uma nova turma, na qual John Maia prestou seu depoimento e trabalho.

Maia contou que se sente lisonjeado em participar do Cozinha e Voz. Segundo o ex-detento, o projeto muda a vida de pessoas como moradores de rua e deixa nítida a mudança na vida de cada pessoa atendida pelo projeto. John ainda contou sobre sua história de vida. Durante anos o rapaz tem hoje um trabalho do qual se orgulha muito. Além disso, Maia contou que a sociedade é muito preconceituosa com as pessoas trans, moradores de rua, dependentes químicos e ex-presidiários. Assim, projetos como o de Paola Carosella devolvem a dignidade e cidadania para essas pessoas.

Cozinha e Voz

Desde 2017 o projeto Cozinha e Voz está formando profissionais trans. O programa é de iniciativa da chef Paola Carosella que destina recursos de seus restaurantes para possibilitar aulas de culinária para pessoas trans. Além disso, após o fim de cada curso, o projeto divulga os profissionais para outros restaurantes parceiros que desejem contratá-los.

A primeira turma começou no final de 2017, com 25 pessoas, em São Paulo. Após as aulas, os participantes estavam aptos a exercer a função de auxiliar de cozinha. Além de outros restaurantes, o Ministério Público do Trabalho de São Paulo (MPT-SP) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) apoiaram o início do projeto.

De acordo com Paola Carosella, o objetivo do curso não é apenas profissionalizar. No lançamento da primeira turma, a chef disse que o projeto visa fazer com que as pessoas se sintam acolhidas.

Confira a postagem sobre John Maia

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Eu sou o John "Eu sou John Maia, tenho 35 anos, sou um homem trans, ex-morador de rua, um ex-presidiário, eu vivi na cracolândia de SP e fiquei 1 ano na penitenciária feminina de Santana com mais 3000 mulheres. Hoje faço humanização há 2 anos em Goiânia-GO e sou o primeiro homem trans a fazer mastectomia aqui no hospital HGG. Conheci o projeto Cozinha&Voz e tive o privilégio de participar na primeira edição de Goiânia. Eu falo que existe o John antes do projeto e o John de hoje. O Cozinha&Voz foi um divisor de águas na minha vida e agradeço muito a Deus por isso, porque eu aprendi a como me portar numa cozinha, tive curso de poesia com a @geovanapires_ e com a @elisalucinda e fui convidado a ser monitor de todos os cursos. Hoje, estar no presídio com a turma nova e participar do projeto com os moradores de rua, faz eu me sentir lisonjeado por poder ver a mudança de cada um, porque eu saí de todos os lugares, eu saí da rua, eu saí do presídio. Da mesma forma que o chão é o colchão deles, o chão também já foi o meu colchão. Eu inspiro todos eles porque eles veem que podem mudar de vida. O que a maioria quer é uma oportunidade e graças a Paola, @thaisdumet, @geovanapires_ , @tiago_ranieri e alguns empresários, eles não desistem, essas pessoas dão a oportunidade que muitos querem. A sociedade é muito preconceituosa com ex-presidiário, ex-morador de rua, pessoas trans, existe muita discriminação. O projeto quebra esses tabus, pois além de capacitar, o que pede é emprego para as pessoas, empregos onde as pessoas possam ser vistas, porque é muito fácil você colocar alguém em algum lugar que ele não é visto, tapar o sol com a peneira, e o projeto busca colocar num lugar onde todos podem ser vistos com dignidade. Eu sou eternamente grato, sinto só gratidão e eu penso: nossa, onde o John Maia chegou e onde eu tô trilhando o meu caminho! Onde um ex-presidiário, ex-morador de rua, ex-dependente químico chegou! Hoje tenho meu trabalho e sirvo de exemplo para algumas pessoas e sei que posso ir mais longe.” Obrigada por nos ensinar tanto @jo_maia_gomes! @mptgoias @mptrabalho @iloinfo @neiderigo @fecunha06 @casapoemaoficial @bennygb @laguapasp @mangiaregastronomia

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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