Bolsonaro acusa Glenn de “malandro” por adoção de crianças; jornalista foi ao STF

Redação Lado A 10 de Dezembro, 2019 21h57m

O presidente Jair Bolsonaro (Aliança pelo Brasil) afirmou, em julho deste ano, que o jornalista Glenn Greenwald e seu marido, o deputado David Miranda (PSOL), são “malandros”. Segundo o presidente, o jornalista que é norte-americano se casou com o brasileiro David e adotou crianças brasileiras para não ser deportado do país.

Os atritos entre Bolsonaro e Greenwald envolvem várias acusações. O jornalista é chefe do The Intercept, jornal que revelou o envolvimento de Bolsonaro com esquemas ilícitos na Operação Lava Jato. O The Intercept batizou as reportagens que investigam possíveis ações criminosas de Bolsonaro como Vaza Jato.

Outro motivo de atrito é que Glenn é marido de David Miranda, deputado federal pelo PSOL que assumiu seu mandato em substituição ao ex-deputado eleito Jean Wyllys. Devido a uma grande perseguição contra o ex-deputado, que chegou a ser ameaçado de morte, Wyllys deixou o Brasil. Homossexual e ferrenho opositor de Bolsonaro, Wyllys também acredita no envolvimento do presidente e de um de seus filhos na morte da vereadora Marielle Franco (PSOL).

Em julho deste ano, Bolsonaro disse em entrevista que Glenn e David são malandros. “Ele [Glenn] não se encaixa na portaria. Até porque ele é casado com outro homem e tem meninos adotados no Brasil. Malandro, malandro, para evitar um problema desse, casa com outro malandro e adota criança no Brasil. Esse é o problema que nós temos. Ele não vai embora, pode ficar tranquilo. Talvez pegue uma cana aqui no Brasil, não vai pegar lá fora não”, disse Bolsonaro.

A afirmação do presidente se refere a um recente decreto do ministro da justiça Sérgio Moro que determina a deportação de estrangeiros considerados perigosos ou que se opunham à Constituição Federal. No caso do jornalista, como opositor do governo e responsável por acusações baseadas em investigações do jornalista e de outras instituições, pode ser considerado pelo governo de Bolsonaro como uma ameaça. As reportagens do The Intercept tiveram acesso a conversas entre Sérgio Moro, então juiz responsável pela Lava Jato e o procurador Deltan Dallagnol. De acordo com o jornal, em 2018, o então juiz e o procurador manipularam provas para condenar o ex-presidente Lula e podem estar envolvidos com fraudes nas eleições.

STF

Após as declarações de Jair Bolsonaro, Glenn Greenwald foi buscar reparação no Supremo Tribunal Federal (STF). A manifestação do jornalista no STF solicita que o presidente confirme a autoria das frases. Além disso, Greenwald solicitou que o STF determine que Bolsonaro indique sob qual processo o jornalista poderia “pegar cana aqui no Brasil”, conforme declarou o presidente.

De acordo com os advogados de Glenn,a fala de Bolsonaro é homofóbica e fere a honra do jornalista. Além disso, as declarações são inadmissíveis para um chefe de estado. Por fim, os advogados salientaram que, embora declarações homofóbicas sejam característicos do presidente, ele deve ser responsabilizado criminalmente por esses ato, uma vez que configura crime de homofobia

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