Redação Lado A | 20 de Junho, 2022 | 13h25m |
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Muitos textos apontam a travesti Marsha P. Johnson como a primeira pessoa a dar início à histórica Rebelião de Stonewall. No entanto, a verdadeira protagonista desse movimento foi uma mulher negra e lésbica chamada Stormé DeLarverie. “Por que vocês não fazem alguma coisa?”, gritou a lésbica enquanto era arrastada pela polícia após ser agredida em 28 de junho de 1969 no bar Stonewall Inn.
Testemunhas daquela madrugada afirmam que Stormé foi agredida com um cassetete e desferiu um soco no policial que a agrediu. Depois disso, ela entrou em luta corporal com os soldados e foi arrastada até o camburão onde aos gritos incitou os demais presentes a lutar pelos direitos dos homossexuais. Apesar de detida, o grito de DeLarverie incitou a multidão que revidou aos ataques dos policiais. Outras lésbicas e gays já tinham se atracado coma polícia dentro do bar, mas foi a atitude da lésbica arrastada para o camburão que desencadeou uma grande revolta.
Stormé foi uma artista nascida em Nova Orleans no ano de 1920, seu pai era negro e sua mãe branca. Além de seus trabalhos artísticos, a lésbica fazia patrulha em bares lésbicos de New York afim de evitar represálias contra as mulheres que frequentavam o estabelecimento. DeLarverie andava armada e muitas vezes ficava na portaria desses bares, além de promover outros eventos lésbicos na cidade.
A precursora do movimento de Stonewall também foi uma das primeiras e únicas mulheres de sua época a se apresentar como drag king. Nos anos de 50 e 60, o crosdressing era crime, podendo gerar prisão para quem não se vestisse com roupas de acordo com seu gênero. Nas apresentações artísticas, muitas vezes, Stormé era a única mulher drag king dentre vários homens. Além das performances, DeLarverie também era cantora e se apresentava em algumas rádios da região.
Pouco se fala sobre a história de Storme e até mesmo o movimento de Stonewall foi creditado à travesti Marsha P. Johnson. No entanto, a história salienta que o Stonewall Inn era reduto de gays e lésbicas, alguns drag queens e drag kings. A transexualidade ficou mais evidente a partir da década de 90, protagonizando outros movimentos pelos direitos trans. Já a lésbica Stormé, além de ter forte atuação no movimento mais importante da história dos direitos homossexuais, também era um ícone na luta antirracista. Por isso, ficou conhecida como a Rosa Parks dos homossexuais, em alusão à uma ativista negra que também foi responsável por uma grande revolta. Em 1955, Parks se recusou a ceder seu lugar no ônibus para uma mulher branca, numa época em que os EUA sustentavam yma política segregacionista. A ativista foi detida e sua atitude levantou uma grande revolta da população negra que boicotou os ônibus.
Quanto à lésbica Stormé que deu início à Rebelião de Stonewall Inn, continuou servindo a comunidade lpesbica até seus 80 anos, quando se aposentou, em 2002. Esquecida pela comunidade que tanto defendeu, morreu em 2014, no Brooklyn. A militância de Stormé deve ser lembrada como uma importante luta pelos direitos não só de gays, mas de lésbicas e negros. Em suas representações artísticas como drag king, a ativista sempre prezou pelo debate contra as leis segregacionistas de seu país.
SOBRE O AUTORRedação Lado AA Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa |
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