Uma carta enviada pelo poeta e escritor modernista Mario de Andrade, datada de 7 de abril de 1928, enviada ao amigo Manoel Bandeira, pode elucidar de uma vez por todas a sexualidade do autor de Macunaíma. A Fundação Casa de Rui Barbosa, que guarda o documento, por decisão da Controladoria-Geral da União, divulgou o documento original, datilografado, para consulta. Os rumores sobre a vida secreta de Mario de Andrade não é nova. A frente de seu tempo, ele descrevia os comportamentos da época e não deixava de fora as polêmicas sexuais em suas obras.
Para a família, o autor era casto, mas livros e declarações apontam que Mario de Andrade vivia um forte dilema e era possivelmente bissexual. O documento original está rasurado em tinta vermelha mas descreve bem a preocupação do autor em manter a sua privacidade. O documento deve ser alvo de um seminário em breve. “Nós vamos ter que pensar em novas normativas para o recebimento, para a guarda de documentos privados e de instituições públicas porque, sob o risco de não poder ter documentos sigilosos, a pedido dos herdeiros, nós também colocamos a memória em risco.”, afirmou a presidente da Fundação Casa de Rui Barbosa, Lia Calabre, à Rádio EBC.
“Manu, recebi a carta. Está tudo certo. Apenas não vejo o que a minha chamada por você de “delicadeza moral” possa prejudicar uma integridade absoluta de amizade entre nós dois (…) Está claro que nunca falei a você sobre o que se fala de mim e não desminto. Mas em que se podia juntar em grandeza ou melhoria para nós ambos, para você ou para mim, comentarmos, e eu elucidar você sobre a minha tão falada pelos outros homossexualidade? Em nada. Não adiantava nada para mim, porque em toda a vida tenho duas vidas: a social e a particular. Na particular isso só me interessa a mim, e na social, você não conseguia evitar a socialisão absolutamente desprezível numa verdade inicial (…) Se você quiser guardar esta carta, risque, mas de maneira ilegível o nome que vai nela”, pede Andrade ao colega .