Famosa no bairro do Pacheco, periferia de Jabotão dos Guararapes, na Grande Recife, Gretchen é uma das poucas celebridades locais. O motivo? Sua simpatia e seu esforço para treinar cerca de 45 meninos da escolinha de futebol Deus é Fiel. Sem receber nada pelo serviço, a transexual ajuda como pode, seja pedindo doações em dinheiro, em refrigerante para os jogos ou até mesmo em material.
Sua conexão com o esporte vem de quando ainda era Nerivaldo Eretiano da Silva. Jogou como goleiro na equipe juvenil do Santa Cruz, um dos principais times do Pernambuco, e subiu a hierarquia do próprio clube até virar técnico. É toda essa bagagem que ela traz com muito amor e determinação para os seus piás da escolinha.
Mas a conexão não para por aí. Ela conta que perdeu a virgindade por causa do futebol, em uma aposta no jogo entre Sport e Santa Cruz. Na época, um garoto que torcia pelo Sport apostou que se o Santa ganhasse, ele daria uma camisa oficial para Nerivaldo, mas se perdesse, eles teriam relações sexuais. O Santa perdeu, mas quem saiu lucrando foi Gretchen: “Ele era todo bonitão”.
Respeito
Gretchen é daquelas treinadoras duras na queda: não permite que seus jogadores fumem, usem drogas, bebam, tirem notas ruins ou falem palavrões, muito menos faltem com respeito, com a penalidade de ser cortado do time. Dessa forma, os pequenos atletas e seus pais criaram grande admiração pela transexual. Ela conta também que nunca sofreu homofobia ou transfobia na beira do campo, apenas ouviu comentários curiosos das crianças dos outros times. “Pai, aquele treinador é homem, mulher ou frango?”, conta.
Adequação do corpo
Gretchen começou a passar pelo processo de adequação do corpo recentemente. Já fez o tratamento com hormônio para adquirir seios e colocou silicone na bunda com a doação de uma amiga. Seu maior sonho? Juntar dinheiro para colocar silicone nos seios.
