8 de Março é o Dia Internacional da Mulher. Historicamente, a data foi proposta em 1910, na II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, por Clara Zetkin, mas foi esquecida por décadas, sendo retomada pelo movimento feminista apenas na década de 1960. Entretanto, quando pensamos nas mulheres que homenageamos neste dia, ficamos com as mais próximas à nossa mente: mãe, irmã, avós, madrinhas, professoras. Esquecemos que as mulheres trans, as negras e lésbicas também travam grandes lutas pelo feminismo e em nome das diversas identidades de mulheres.
Dois anos atrás, Thayz Athayde escrevia o texto “Dia das Mulheres? De quais mulheres?”, onde questiona os padrões normativos de mulher e tenta abrir o leque para as diversas possibilidades de ser mulher. Baseada no livro Gender Trouble, de Judith Butler, ela aborda a questão “dessas mulheres que para muitas pessoas não existem e que fazem da vida sua própria existência e resistência.”
Thayz fala também sobre a opressão não funcionar como um vetor único. Uma mulher negra, por exemplo, sofre tanto com machismo quanto com o racismo, e as duas quatões não devem ser pensadas em âmbitos distintos, podem e devem fazer parte da mesma luta. Essa opinião é compartilhada por Daniela Auad, autora do livro “Feminismo: que história é essa?”. Aqui, é preciso parafrasear uma fala sua, feita em entrevista ao Grupo Gay da Bahia:
“O debate tem avançado tanto nos Movimentos Sociais quanto na Universidade, com muita disputa e sem consenso sobre questões básicas. É comum ouvir feministas dizendo que o problema da lesbofobia deve ser trabalhado pelo Movimento LGBT, com o que não concordo. A lesbofobia é problema do Movimento Feminista e do Movimento LGBT. Ao invés de afirmar que sou lésbica e não sou mulher (em que se pese meu respeito pela abordagem de Monique Wittig), afirmo que sou lésbica, mulher e feminista e, portanto, lesbofobia é violência contra mulher da mesma forma que outras violências sofridas pelas mulheres pelo fato de serem mulheres. A lesbofobia também é crime homofóbico, que assume específicas formas por se tratar de violência contra mulheres”.
Em resumo, não apenas neste dia 8 de Março, mas especialmente nele, precisamos lembrar que a luta e a resistência são necessárias para que todas as mulheres tenham suas existências compreendidas e respeitadas.