O soldado da Polícia Militar Adriell Rodrigues Alves Costa, 35 anos, em vídeo, como seu último recurso, afirma ser vítima de assédio moral, homofobia e tortura psicológica e física dentro do 39º Batalhão da Polícia Militar, em São Vicente, no litoral de São Paulo. No vídeo divulgado na semana passada, ele diz “temer pela vida”, e que, apesar das enumeras denúncias ao comando e corregedoria, nada foi feito. Segundo ele, apenas ignoraram seu apelo e, em forma de desespero, ele resolveu gravar o vídeo e publicar na internet para que alguma medida fosse tomada.
Na gravação, o soldado diz ainda: “se algo acontecer com a minha vida, com a minha integridade física, a responsabilidade é do comandante do batalhão, da Polícia Militar e do Estado, que nada fizeram para apurar as minhas denúncias. Fui torturado dentro desse batalhão. Torturas físicas e psicológicas”.
Após seu vídeo viralizar na internet, o soldado foi chamado para prestar depoimento na Corregedoria da PM, na grande São Paulo, e retirado da unidade e transferido ao 6º Comando do Policiamento da Baixada. Costa é soldado há 9 anos e após ser atropelado em serviço, em 2011, teve as mãos lesionadas e passou a exercer funções administrativas nas unidades de polícia. Segundo ele, desde que pediu transferência para o 39º, passou a sofrer represálias, pois já vinha com restrições de ordem médica. Ele teve seu problema agravado quando as restrições médicas foram retiradas pelo médico do 6º Comando, sendo enviado novamente ao trabalho normal, lhe ocasionando dores e sendo obrigado a procurar cuidados médicos. Depois de demasiada perseguição, ele ainda foi vítima de preconceito e perseguição em razão da orientação sexual.
Afirma o soldado que ouviu um cabo falar que ele “tinha que virar homem” e “você não é homem, você não está agindo como um homem”. Segundo Adriell, ele seguiu todos os protocolos antes fazer o vídeo; registrou denúncias e pedido de ajuda dentro do próprio batalhão; procurou o comando do CPI e, sem obter qualquer posicionamento, buscou respaldo na Ouvidoria da PM e na Corregedoria.
Para finalizar, o soldado acrescenta que teme que possam dizer que ele cometeu um crime ou fez algo errado, sendo que é um sistema no qual o poder está concentrado na pessoa que está sendo acusada e por isso, a gravação do vídeo, foi seu último recurso.
Mas parece que está história está longe de acabar, pois Adriell acrescentou que está sendo monitorado até mesmo em casa, onde declara que começou a perceber que pessoas passavam na frente da sua casa fazendo fotos, e desabafou: “Eu sou um policial desarmado por causa das restrições depois do acidente. Não tenho como me defender”. Apesar de todo o ocorrido, o soldado não pretende deixar a corporação. Ele quer ser transferido do batalhão, e que o Ministério Público e os Direitos Humanos acompanhem o seu caso.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, o policial militar prestou depoimento na Corregedoria para tratar das denúncias citadas no vídeo, mas não informou se o soldado será transferido. Em nota, a Secretaria de Estado da Segurança Pública afirmou, que a Polícia Militar “está prestando o apoio necessário ao policial que aparece no citado vídeo” e que a Corregedoria da Polícia Militar também está acompanhando o caso.
Confira o vídeo:
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Redação Lado A
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