O show da cantora Pabllo Vittar, em Ponta Grossa (PR) poderá se tornar o dia de combate ao preconceito e discriminação. A ideia é do vereador Rudolf Chriestense (PPS), e estabelece que o dia cinco de dezembro, abertura da 28º Munchenfest, faça parte do calendário de datas oficiais do município.
O projeto de lei 344/2017 foi apresentado na Câmara Municipal no dia 18 de outubro com a descrição das ações que serão realizadas no dia de combate ao preconceito. “Não é aceitável que exista tamanho preconceito dentro de uma Casa de Leis, indo contra, inclusive, ao direito garantido pela Constituição”, disse Rudolf. O projeto irá tramitar até ser debatido em plenário. O autor do documento alegou ainda que o município carece de políticas públicas incisivas, no sentido de acabar com preconceitos de qualquer natureza, seja de gênero, sexualidade, raça ou religião. “Um Estado de Direito democrático prevê que seus cidadãos tenham seus direitos garantidos e o preconceito é um empecilho a isso”, disse.
Polêmica
O pastor e vereador Ezequiel Bueno (PRB), declarou na segunda-feira dia 16 de outubro, que iria providenciar a prisão de Pablo Vittar caso a drag queen saísse às ruas de ponta Grossa. O vereador argumentou que a cantora estaria promovendo palestras nas escolas sobre o que ele e os demais conservadores chamam de “ideologia de gênero”, o que não passa de um boato. A cantora estava na cidade tão somente a trabalho musical.
“Quero lamentar por que vão trazer essa pessoa para Ponta Grossa, em uma cidade família. Em uma cidade que brigamos no plano de educação para tirar ideologia de gênero nas escolas. Em uma cidade que somos conservadores, pais, mães e trabalhadores”, declarou o vereador que, além de político e pastor, é policial militar aposentado, por isso ameaçou a cantora de prisão mesmo podendo ser acusado por abuso de autoridade.
Em protesto às declarações do vereador Ezequiel, grupos LGBTI lotaram as galerias da Câmara Municipal de Ponta Grossa. O ato foi organizado através das redes sociais e contou com o apoio de diversos grupos também de fora da cidade. “A ideia não é apenas defender a pablo Vittar, mas as pessoas. O vereador falou que Ponta Grossa é uma cidade de conservadores, de trabalhadores. E o que isso significa, que LGBTQ não trabalha? Eu sou taxista, professor e faço shows e palestras como drag queen. Sou trabalhador e cidadão que exige ser respeitado”, disse Gerson Duda, que faz shows como drag queen de nome Wanessa The Geus. Em sua defesa, o vereador alegou que não quis ofender a cantora Pabllo Vittar, mas sim questionar os recursos públicos destinados ao show dela.
A Munchen Fest, Festa Tradicional do Chope Escuro é um evento promovido pela prefeitura de Ponta Grossa e irá receber shows de vários artistas entre os dias 5 e 10 de dezembro. O pastor e vereador Ezequiel, no entanto, usou do argumento do uso do dinheiro público para alegar seu descontentamento com a apresentação de Pabllo Vittar, motivado por homofobia.