Índios assumem homossexualidade no Alto Amazonas

Redação Lado A 28 de Julho, 2008 19h52m

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Na região de Alto Solimões, no Tabatinga, na Amazônia, existem mais de 30 mil índios da etnia ticuna. Só na aldeia de Umariçu 2, pouco mais de 3.500 convivem na mesma localidade. Desse total, 40% têm menos de 25 anos e dentre estes, cerca de 20 são homossexuais assumidos.

Segundo dados da Fundação Nacional dos Índios – FUNAI, há homossexuais em outras tribos da região. O administrador do órgão, Darcy Bibiano Murati, afirmou que essa quantidade de gays é novidade para entidade “Não víamos indígenas assim, agora, rapidinho, cresceu em todas as comunidades. São meninos de 10, 15 anos”, conta em entrevista ao jornal Folha de São Paulo.

Quando um jovem ticuna assume a homossexualidade, ele passa a realizar trabalhos até então destinados as mulheres. Cuidar de crianças e realizar serviços domésticos vira rotina a um assumido. Graças a essa prática, junto aos novos costumes adotados por eles, como pintar as unhas e fazer o cabelo, as críticas vindas da comunidade e a violência recebida acontecem diariamente.

Num depoimento dado pelo indígena homossexual Marcenio Ramos Guedes, de 24 anos, para o jornal a Folha de São Paulo, a crueldade contra os gays ficou clara. Segundo ele, que fugiu de casa aos 15 anos após brigar com o pai, agressões físicas acontecem com freqüência “Sofro preconceito de outros jovens na aldeia. Se falo alguma coisa, querem me bater, jogar pedra, garrafa.”

As agressões sofridas pelos homossexuais preocupa a Funai e os estudiosos da região. O cientista social e professor Raimundo Leopardo Ferreira disse, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, que casos de homossexuais em tribos Ticuna eram raros. Segundo a antropóloga da PUC-SP (Pontifica Universidade Católica) Helena Rangel, essa maior visibilidade de gays é decorrente de dois fenômenos “A explicitação da homossexualidade e a aproximação dos indígenas à sociedade ocidental cristã”.

Em estudos do antropólogo Darcy Ribeiro, realizados no século passado, eram comuns índios “travestis” em tribos brasileiras, a novidade seria o preconceito, pois, no passado, as tribos não tinham problemas com os chamados tibiras. O preconceito advém claramente dos discursos cristãos e da violência contra o semelhante, duas “moléstias” vindas do homem branco.

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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