Prova do vestibular da UEL, no Paraná, surpreende com questões sobre gays

Os alunos que fizeram as provas da segunda fase do vestibular da Universidade Estadual de Londrina (UEL) tiveram uma grande surpresa na prova de Língua Portuguesa e Literatura. As provas foram realizadas entre os dias 07 e 09 deste mês e no dia 08, terça-feira, uma questão chamou a atenção dos vestibulandos.

Em uma das provas, quatro perguntas do caderno de Português e Literatura se referiam a um trecho do conto gay com apelo erótico do escritor Caio Fernando Abreu, Morangos Mofados, que ainda foi estampado com duas fotos: uma a emblemática imagem The Kiss at the Time Square, 1945, do fotógrafo Alfred Eisenstaedt, Dia da Vitória – em português – que mostra o reencontro de um marinheiro e sua namorada, e uma foto de um marinheiro e outro homem se beijando durante uma parada gay.

O trecho do conto editado na prova era: “Na minha frente, ficamos nos olhando. Eu também dançava agora, acompanhando o movimento dele. Assim: quadris, coxas, pés, onda que desce olhar para baixo, voltando pela cintura até os ombros, onda que sobe, então sacudir os cabelos molhados, levantar a cabeça e encarar sorrindo. Ele encostou o peito suado no meu. Tínhamos pelos, os dois. Os pelos molhados se misturavam. Ele estendeu a mão aberta, passou no meu rosto, falou qualquer coisa. O que, perguntei. Você é gostoso, ele disse. E não parecia bicha nem nada: apenas um corpo que por acaso era de homem gostando de outro corpo, o meu, que por acaso era de homem também. Eu estendi a mão aberta, passei no rosto dele, falei qualquer coisa. O que, perguntou. Você é gostoso, eu disse. Eu era apenas um corpo que por acaso era de homem gostando de outro corpo, o dele, que por acaso era de homem também.”

Questões objetivas da prova abordaram o texto e as imagens. As respostas corretas do gabarito da prova apontam as seguintes afirmações: “A arte permite a reflexão a respeito das contradições dos valores sociais e das transformações de padrões morais; A terça-feira gorda ou terça de carnaval é um fator permissivo da homossexualidade pública e O desejo não depende de gênero, pois é resultado da individualidade humana; A palavra “bicha” propicia o questionamento do narrador acerca de si mesmo e O desejo sexual não está vinculado ao gênero do corpo”.