Postei o texto abaixo, no Facebook, em 26.12.2017. Minutos após, a minha conta ficou bloqueada por 24 horas.
Alugo quartos na minha casa, em cujos anúncios explicito recusar evangélicos e fumantes. A quem aluga quartos (ou organiza repúblicas), assiste todo o direito de selecionar os candidatos, consoante o seu livre e exclusivo critério, como confiança, simpatia, segurança, conveniência de horários ou outro qualquer, o que inclui afinidade de estilos de vida e de cosmovisão, por modo que os co-residentes sintam-se à vontade com as recíprocas presença e companhia.
Conquanto haja evangélicos não homofóbicos e homofóbicos não evangélicos, em geral e com exceções, não mantenho afinidades de cosmovisão com evangélicos, por conta da sua teologia, da sua subserviência à Bíblia e aos pastores, dos seus dogmatismos, do seu modelo mental. São raríssimas as igrejas (evangélicas) inclusivas; por regra, a sua pregação é homofóbica. Evangélicos e eu vivemos ambientes mentais díspares e antagônicos (conquanto eu até tenha amigos evangélicos.). Sou ateu e combato o cristianismo; admito, para morarem comigo, ateus, agnósticos ou indiferentes à religião, e (preferentemente) homossexuais: com este tipo de gente sinto-me à vontade. Seleciono pessoas com cujas presença e companhia sinto-me à vontade, o que exclui gimnofóbicos (chama-se de gimnofobia a repulsa pela nudez natural, não erótica), fumantes e evangélicos (cônscio, todavia, de haver evangélicos de diversas matizes; de haver alguns evangélicos não homofóbicos e de haver, obviamente, evangélicos homossexuais, bem resolvidos ou enrustidos).
A minha postagem foi, provavelmente, denunciada por algum evangélico. Pergunto-me por que critério regeu-se o Facebook para bloquear-me a conta. Opta ele por “preservar” os evangélicos de críticas, ao invés de permitir que as pessoas precavejam-se da homofobia dos evangélicos homofóbicos ?
Cuida-se de assunto de somenos importância e quase picuinha, à luz do seu interesse apenas privado. Fica, todavia, a interrogação acerca da decisão do Facebook e a minha suspeita de alguma sua parcialidade. O censor que me puniu será, porventura, evangélico.
“Na minha casa, alugo quartos para estudantes. Nos anúncios, explicito que se destinam a 1) não fumantes; 2) não evangélicos; 3) homo ou hetero; 4) quem não se escandalize com a nudez dos demais moradores. Sempre alguém se insurge (com mais virulência ou menos) contra o item 2: tacham-me de preconceituoso. Normalmente (ou sempre), os insurgentes são evangélicos.
Considero peculiar a lógica de certas pessoas (ao menos das insurgentes): sentem-se discriminadas e vítimas de preconceito. Não se lembram, contudo – por que não lhes convém ? – que muitos evangélicos (com exceções) são homofóbicos. Homofobia é preconceito e discriminação.
Eles podem discriminar e praticar preconceito contra os outros; os outros, a quem repugna a homofobia (é-me o meu caso) não podem recusar evangélicos homofóbicos. Adotam dois pesos e duas medidas.
Evangélicos homofóbicos não me servem e não os quero na minha casa; homofóbicos não me servem e não os quero na minha casa. É factual que os evangélicos são, tendencialmente, homofóbicos.
Quero gente de mente aberta. Não se me trata de preconceito contra evangélicos e sim de saber a forma como julgam certos outros (eles os julgam) e como os condenam (eles os condenam). Respeito não lhes é valor, não na espécie; serem autoritários e excludentes, na espécie, é atitude de muitos deles.
Julgo peculiar que muitos deles encrespam-se com o anúncio, por que se sentem atingidos, porém não se lembram de que a sua homofobia (com exceções) atinge muitas pessoas. Para os indignados com o anúncio, eles podem ser preconceituosos; os outros não podem se defender dos seus preconceitos.
Ademais, na minha casa, quem manda sou eu. Admito quem quero e não devo satisfações a ninguém. Não gosta das minhas condições ? Procure outro e não me aporrinhe. Vários amolam-me, inclusivamente quem não está interessado em procurar morada.
O item 4 decorre, também, diretamente, do item 2.”