Redação Lado A | 09 de Agosto, 2018 | 15h43m |
COMPARTILHAR |
TAGS |
Desde novembro de 2017, a Polícia Federal obteve informações sobre tráfico de transexuais. A ação aliciava transexuais através das redes sociais, onde os criminosos ofereciam possibilidades de cirurgias estéticas e concursos de beleza na Itália. Dessa forma, as transexuais eram atraídas até a cidade de Franca, em São Paulo, onde eram obrigadas a se prostituir.
De posse das suspeitas e demais informações, a Polícia Federal começou a agir. Na manhã desta quinta-feira, 9 de agosto, foi deflagrada em Franca a Operação Fada Madrinha, em parceria com o Ministério Público do Trabalho e o Ministério Público Federal. Até o momento, a justiça já emitiu mais de cinco mandados de prisão.
Durante as investigações, a polícia descobriu que haviam mais envolvidos no esquema. Além de Franca e São Paulo, foram espedidos mandados de prisão também para as cidades de Goiânia, Aparecida de Goiânia, Jataí, Rio Verde e Leopoldina. Os policiais descobriram que os criminosos se comunicavam e trabalhavam permutando as vítimas entre os grupos de outras regiões.
Ao todo, 14 transexuais foram resgatadas de uma casa onde eram mantidas presas em Franca. A polícia havia chegado até o esquema justamente porque vizinhos do imóvel fizeram um Boletim de Ocorrência devido ao barulho e incômodo. Dessa forma, algumas transexuais foram encaminhadas para a delegacia e denunciaram o esquema.
A quadrilha aliciava mulheres transexuais de qualquer lugar do Brasil. Iludidas com promessas de cirurgias corporais e participação de concursos de beleza na Itália, elas acabavam vítimas dos criminosos. A quadrilha cobrava uma diária de R$170 reais para que as transexuais se mantivesse na casa, valor que deveria ser pago com a prostituição.
Segundo informações da polícia, as mulheres eram constantemente ameaçadas, e caso não conseguissem os valores devidos à quadrilha, passavam por humilhações. Agressões com barras de ferro e madeira era uma das formas de tortura. Além disso, algumas trans tinham o cabelo raspado e eram abandonadas nuas nas margens de estradas.
O valor das dívidas eram estabelecidos pelos criminosos. Eles forneciam roupas, sapatos e acessórios para serem usados pelas transexuais durante os programas. As mulheres era cobradas por esses itens e pelos procedimentos estéticos. Elas eram encaminhadas para clinicas médicas onde eram submetidas à implantação de silicone industrial. A polícia suspeita ainda, que as próteses colocadas eram provenientes de reuso em outras mulheres trans. Em consequência disso, algumas vítimas ficaram com sequelas como a pele necrosada. Diante de vários procedimentos, a quadrilha cobrava valores absurdos das mulheres que nunca conseguiam se livrar da dívida.
Além da prostituição em Franca, a quadrilha ainda mantinha um esquema na Itália. As mulheres trans que mais lucravam com a prostituição em Franca eram enviadas para o país sob a promessa de participarem de concursos de beleza. No entanto, já em território italiano, a dívida só aumentava.
Os criminosos detidos responderão pelos crimes de tráfico internacional de pessoas, associação criminosa, exercício ilegal da medicina, rufianismo, isto é, tirar proveito da prostituição alheia; e redução à condição análoga à de escravo. A polícia ainda investiga se existem outras pessoas envolvidas no esquema.
Representantes do Ministérios do Trabalho e Emprego e da Organização Internacional do Trabalho (OIT) ficarão responsáveis por assistir as vítimas. Por medida de segurança, a instituição não divulgou qual será o destino delas.
SOBRE O AUTORRedação Lado AA Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa |
COMPARTILHAR |
TAGS |