Acusados de matar ambulante que defendeu transexual são condenados à prisão

Redação Lado A 18 de Dezembro, 2018 12h14m

Quase dois anos após matar um vendedor ambulante que defendia duas transexuais, dois primos foram condenados a 15 anos e três meses de prisão. O crime aconteceu na noite de natal em 2016, dentro do Metrô de São Paulo. Na quinta-feria, 13 de dezembro, a 1º Vara do júri de São Paulo reconheceu os culpados e os condenou.

Os acusados de matar o ambulante Luiz Carlos Ruas, de 54 anos, são os primos Ricardo Martins do Nascimento, 21, e Alípio Rogério Belo dos Santos, de 26 anos. Os dois estava presos desde alguns dias após o crime para prestar esclarecimentos à polícia até que o processo fosse concluído. Os criminosos foram apreendidos pois atacaram Luiz Carlos dentro da estação do Metrô, equipada com câmeras de segurança.

Após dois dias de julgamento, o juiz Roberto Zanichelli Cintra determinou a pena dos réus. Em defesa dos acusados, os advogados chegaram a alegar que os primos agiram em legítima defesa. A argumentação, no entanto, foi imediatamente desconsiderada pelo Conselho de Sentença. De acordo com as gravações das câmeras de segurança do local, Luiz Carlos não apresentou nenhuma ameaça nem defesa.

Segundo a decisão da Justiça, Alípio e Ricardo cometeram crime de homicídio por motivo torpe e cruel, além de terem dificultado a defesa da vítima. Luiz Carlos tentou correr das agressões mas não conseguiu pois era constantemente espancado pelos dois réus. Quando às transexuais que Luiz Carlos quis defender, a justiça considerou que elas sofreram crime de lesão corporal leve. Além de sentenciar os acusados, a Justiça já tinha determinado que o Metrô pague uma pensão mensal de R$ 2.232,54 para a esposa de Luiz Carlos. O montante representa o rendimento médio da vítima que trabalhava como ambulante.

O crime

Conhecido como “Índio”, Luiz Carlos Ruas trabalhava na estação Pedro II do Metrô em São Paulo há mais de 20 anos. Na noite de natal em 2016, como de costume, ele estava em frente a estação com sua barraca de doces. Duas transexuais em situação de rua foram espancadas com chutes e socos por Alípio Rogério e Ricardo Martins. Uma delas conseguiu se livrar das agressões e estava tentando ajudar a amiga.

Diante da cena de violência, Luiz Carlos tentou intervir para que os criminosos se acalmassem. Os dois então destruíram a barraca de doces do ambulante e correram atrás dele. A vítima tentou fugir e se esconder dentro do Metrô, mas foi alcançado pelos criminosos. Nas imagens das câmeras de segurança, Alípio e Ricardo espancam o comerciante com chutes e socos. Os primos saem e deixam Luiz Carlos no chão, mas logo em seguida retornam e continuam as agressões.

Luiz Carlos Ruas foi morto dentro do Metrô e as imagens das câmeras são muito violentas. O que muito chamou a atenção da Justiça e da sociedade foi o fato de os presentes não terem ajudado. Algumas pessoas passaram pelo local e assistiram Luiz Carlos ser espancado sem esboçar nenhuma reação. Os seguranças do local não estavam presentes e por isso também não interviram.

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