Redação Lado A | 18 de Novembro, 2019 | 11h02m |
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O cirurgião Christopher Inglefield, responsável pela London Transgender Clinic, estuda uma forma de permitir a gestação em corpos de mulheres transexuais. O médico está em fase de testes e convidou essas mulheres para receberem o transplante de útero. Assim, após todo o processo de transição, a mulher trans também estaria apta a gerar uma vida.
A inspiração de Inglefield é na ação de médicos por todo o mundo. Em 2016, esse profissionais foram responsáveis por um transplante de útero que, bem sucedido, possibilitou o nascimento de um bebê, inclusive no Brasil. O transplante foi realizado em uma mulher cisgênero, isto é, que não é transexual. A paciente recebeu o órgão de uma outra mulher que havia falecido.
Apesar de o médico britânico ter se inspirado em um procedimento brasileiro, outro transplante de útero já foi realizado no passado. Em 2011, o Hospital Universitário de Akdeniz, na Turquia, operou a jovem Derya Sert, de 22 anos, que nasceu sem útero devido a uma condição rara. Esse foi o segundo transplante na história pois o primeiro foi em 2000 na Arábia Saudita. No entanto, o primeiro procedimento deu errado e a paciente precisou retirar o órgão.
Agora, com os avanços da medicina e maiores estudos na área transgênero, os médicos almejam possibilitar a gestação em mulheres trans. De acordo com o médico britânico Inglefield, o processo de transplante é o mesmo que é realizado em mulheres cis. Por outro lado, a dificuldade está em transferir o útero sem que nenhuma das artérias fundamentais no órgão sejam danificadas. Uma vez transplantado, as veias do útero seriam ligadas às veias já existentes no corpo da paciente receptora. Outra preocupação seria o quadril mais estreito em mulheres trans, mas segundo o médico, ainda há espaço para um bebê.
O procedimento médico para possibilitar a amamentação é mais comum, porém não menos complicado. A lactação em mulheres que não estão grávidas é possível através de controle hormonal e uso de bombas de sucção que extraem o leite das mamas. Numa situação de gravidez em mulheres trans, consequentemente, a medicina deverá possibilitar a lactação nesta mulher.
Após os procedimentos de indução de lactação serem realizados em mulheres cis, a medicina enfrentou o desafio de proporcionar a lactação em mulheres trans. Para isso, o endocrinologista Tamar Reisman, do Centro de Medicina de Cirurgia para Transgêneros do Hospital Mount Sinai de Nova York, tratou durante meses uma mulher trans que mais tarde seria a primeira capaz de amamentar.
O procedimento médico que permite a lactação é baseado em “espironolactone”, que é um diurético que diminui a testosterona, o hormônio masculino, no organismo. Para isso, o endocrinologista tentou promover no corpo da mulher trans a mesma dosagem e reações químicas hormonais de uma mulher gravida. Além disso, também foi usada a “galactagoge”, substância a base de plantas que induz a lactação em mamíferos.
Após o primeiro procedimento de lactação que durou um mês, a paciente produzia apenas algumas gostas de leite. Mais alguns meses depois, a mulher já apresentava 200 ml por dia de leite. Já após o nascimento da criança que foi gerada na companheira cis dessa mulher trans, o bebê foi amamentado e apresentou um bom desenvolvimento e crescimento.
SOBRE O AUTORRedação Lado AA Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa |
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