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Cruzada antigay no Haiti mostra perigos da intolerância religiosa

Redação Lado A 08 de Agosto, 2013 17h36m

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Em menos de uma semana, quase 50 ataques a homossexuais foram registrados pela SEROvie (organização de defesa dos direitos humanos de grupos vulneráveis, incluindo pessoas LGBT), no Haiti. Após divulgar um boato de que haveria no país um projeto de lei para legalizar o casamento gay no país caribenho, a Coligação de Organizações Haitianas pela Religiosidade e a Moral promoveu agressões, incêndios, ameaças e pregação religiosa forte contra homossexuais. Duas vítimas fatais foram registradas durante um protesto no mês passado.

Se dizendo “cristãos anti-gays”, grupos homofóbicos desfilam nas ruas com facões, paus e ferros a procura de homossexuais. A homofobia na ex colônia francesa com aproximadamente 10 milhões de habitantes tem registrado cinco internações por causa da homofobia por dia desde o mês passado. No último dia 19, mais de mil pessoas foram às ruas armadas protestar contra os gays e fazer ameaças públicas de morte aos gays e reafirmar que “Deus” é contra a união gay. O maior protesto, em frente ao Parlamento, no boulevard Jean Jeacques Dessalines, na capital Porto Príncipe, terminou com dois homens mortos a pauladas e desencadeou uma caça aos gays no país que já dura semanas.

O governo já se manifestou contra os ataques e afirmou que os agressores serão levados à Justiça. O presidente do Haiti, Michel Martelly, e o primeiro-ministro, Laurent Lamothe, condenaram os ataques publicamente mas a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) cobra uma posição mais enérgica do país. A CIDH determinou cobrou do país esta semana: “É imperativo que o Haiti tome medidas eficazes para evitar a repetição de tais atos de violência e discriminação no futuro. (…) A Comissão recorda que o Estado tem a obrigação de tomar medidas para responder a estas violações de direitos humanos e garantir que as pessoas LGBT possam efetivamente exercer o seu direito a uma vida livre de discriminação e violência, incluindo a adoção de políticas e campanhas públicas. Neste sentido, a Comissão reitera que a ineficácia na resposta do Estado à violência fomenta a impunidade, que por sua vez estimula a repetição crônica desses crimes, deixando as vítimas e suas famílias indefesas. Além disso, a impunidade para esses crimes envia uma mensagem geral para a sociedade que essa violência é tolerada”, afirmou a entidade em documento oficial.

 
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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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