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“Constrangimento, palavrões, xingamento” com essas palavras o deputado Marco Feliciano descreve o incidente que passou na semana passada em que um grupo de rapazes cantou para ele a música “Robocop Gay” do grupo Mamonas Assassinas, a bordo de um avião que seguia de Brasília para São Paulo. O deputado acionou esta semana a Polícia Federal, conforme comprova o vídeo abaixo.
Por curiosidade, as palavras do deputado pastor descrevem bem o bullying sofrido diariamente por milhões de gays nas escolas, ruas, trabalho e demais ambientes em todo o mundo. “A companhia tinha que me defender”… “Nada justifica a atitude daquele pessoal”… foram outras frases de Feliciano que poderiam ser ditas por uma vítima de bullying homofóbico.
“Se tivesse lá um deputado que defendesse a bandeira LGBT, e viesse (Sic) duas pessoas ali perto e cantassem para ele ‘Olha a cabeleira do Zezé, será que ele é?’, o que que ia acontecer? Tinha dado mídia internacional, tinha sofrido um milhão de processos, ai se configuraria homofobia. E o contrário, é o quê? Porque se é uma pessoa assim seria homofobia. E comigo é o quê?” pergunta o deputado.
Resposta: Justiça?!. (E divina, talvez, por ironia)
Claro que é triste ver uma pessoa sendo humilhada publicamente, mas o pastor deputado se esquece das vítimas do bullying que ele mesmo promove, inclusive ao dizer no final do vídeo “Minha luta não é contra gays, nunca foi. Minha luta é pela família brasileira”. Ora, ao excluir os gays da família brasileira, ao chamar os gays de pecadores, ao promover um projeto que defende a cura gay… precisa de mais argumentos para dizer que o senhor é contra os homossexuais? Ser homem e assumir suas posições é um dos ensinamentos cristãos também.
Ao falar de homofobia e comparar seu episódio, o deputado esquece que os rapazes eram, como ele diz ser, heterossexuais. Homofobia em um caso semelhante seria cometida por pessoas com ojeriza aos homossexuais e não por pares seus. Você foi vítima de bullying deputado, parabéns.
Triste ver a humilhação do deputado. Mas ele diz que seria configurado homofobia se em seu lugar fosse um deputado LGBT em situação semelhante. Seria socialmente mas não criminalmente pois o projeto que visa criar o crime de homofobia, o PLC 122, enfrenta oposição de seus amigos da bancada evangélica e nunca foi aprovado. O deputado não sabe o que é ser perseguido por algo que não se tem culpa. Ele responde por suas posições que causam dor e promovem a exclusão dos gays, e outra baboseiras que falou, como que negros são amaldiçoados ou que Deus levou os Mamonas Assassinas… é diferente. E outra queixa da comunidade LGBT é que casos assim acabam virando cestas básicas ou pequenas indenizações.
No Brasil, crimes contra a honra, e até mesmo agressão física, possuem penas risíveis. Os homofóbicos se usam disso. Então o deputado foi vítima exatamente do sistema que ele defende em manter, de que a homofobia já está caracterizada e não precisa de tratamento especial. De repente ele quer ser especial, ter um tratamento diferenciado. Entre na fila, lá no final. Eu sofri por dois anos situações piores de bullying durante toda a minha infância. Clamava por ajuda dos meus pais, da escola, e nunca tive apoio algum. Penso nas pessoas que passam por isso todos os dias, e ao lembrar de um deputado que defende o preconceito, que é contrário ao PLC 122, eu não consigo ter a mínima pena dele.
Pois é, o primeiro bullying sofrido a gente nunca esquece…
Veja o Mimimi de Feliciano:
SOBRE O AUTORRedação Lado AA Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa |
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