Em carta, via e-mail, à rede Globo, o Diretor Executivo do Grupo Dignidade, ong curitibana de defesa da comunidade LGBT, Toni Reis, pediu explicações da emissora sobre o adiamento da transmissão do filme “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho”. O caso aconteceu na semana que precedeu o dia 23, com o canal alterando a programação sem explicações, retirando o filme gay e incluindo uma obra de humor com piadas homofóbicas. A resposta foi recebida ontem, porém sem explicação qualquer.
“Como entidade LGBT estamos sendo pressionados a tomar uma posição em relação à troca da programação, de um filme que trata da homossexualidade de forma positiva, por um filme que promove o preconceito contra homossexuais, ainda mais porque a Rede Globo é uma concessão pública e como tanto é regida pelas disposições da Constituição Federal, a qual estabelece que não pode haver preconceito e discriminação de qualquer natureza”, Reis argumenta no Ofício.
Na réplica, a Central Globo de Comunicações não respondeu o questionamento da ONG. Apenas afirmou que o filme foi reagendado, sem informar a data, e ressaltou o respeito ao outro, assim como a valorização da diversidade humana. Para provar, eles reuniram vários números sobre a “ajuda” da emissora para a causa. Um dos pontos apresentados é que, entre 2013 e 2015, mais de 70 reportagens foram produzidas por programas de entretenimento e jornalísticos sobre o tema.
Confira a resposta da Rede Globo:
Prezado Sr. Toni Reis e demais integrantes do Grupo Dignidade,
Antes de tudo gostaríamos de esclarecer que a exibição do filme “Hoje eu quero voltar sozinho” não foi cancelada, mas reprogramada, o que não é incomum numa rede de televisão.
Importante acrescentar também que o respeito ao outro e a valorização da diversidade são componentes essenciais da identidade Globo. Possuímos um amplo histórico de contribuição na luta pela defesa de direitos, condenamos o preconceito e atuamos intensamente no combate à homofobia em novelas, campanhas e reportagens. Temos alguns exemplos que o Grupo Dignidade deve ter acompanhado e que aqui ilustramos:
· De 2008 a 2016, 14 produções exibiram mais de 100 cenas socioeducativas abordando a homossexualidade, das quais 35 destacaram a homofobia;
· Nos últimos cinco anos, cedemos espaço para veiculação de campanhas próprias e de parceiros que juntas somam milhares de inserções;
· Entre 2013 e 2015, programas de entretenimento e jornalismo realizaram respectivamente mais de 30 abordagens e produziram mais de 70 reportagens.
Acreditamos que esses destaques revelam uma contribuição expressiva à causa e aqui estamos à disposição para o diálogo.
Central Globo de Comunicação