O filme “A Glória e Graça – O que define quem pode ser mãe?” estreia nos cinemas do Brasil na próxima quinta-feira e traz uma história inusitada interpretada por Carolina Ferraz. A atriz Global interpreta uma travesti que ficou 20 anos sem falar com a irmã, Graça, e se vê obrigada a cuidar dos sobrinhos porque Graça enfrenta um aneurisma. O filme questiona o preconceito e a construção do papel de mãe sendo apenas para mulheres cis.
O projeto do filme encontrou dificuldades para sair do papel, uma vez que trabalha a questão de gênero. Peruca, prótese dentária, voz mais grossa e dez quilos acima do peso, Carol Ferraz passou por uma transformação física para viver o papel de Glória. “Eu queria que as pessoas olhassem a Glória e não vissem a Carolina Ferraz. Também quis me libertar e ser só uma artista. A impostação de voz, aqueles peitos de alpiste que me fizeram passar um calor danado (risos)… Tudo eu desejei”, revela.
O filme é dirigido por Flávio Tambellini, mas contou com grande empenho da atriz para que ele desse certo. Ela conta que quando ia atrás de dinheiro, ouviu de diversas produtoras que não entendiam porque ela usaria a sua beleza para o papel de uma travesti. “Eu me preparei tanto para isso que, quando aconteceu, eu respirei fundo, me entreguei e todo mundo me abraçou. Fui amparada”, explica, ao contar que lutou pelo papel, que sempre foi um sonho pessoal.
Para entrar na personagem e entender a vida de uma travesto, Carol Ferraz entrevistou cerca de 62 travestis e passou duas noites com uma delas, acompanhando a sua rotina e vivenciando suas experiências. Ela conta que foi difícil ver a vida na prostituição e que, apesar de acompanhar, nunca vai poder assimilar tudo que se passa na vida de uma travesti, porque a luta, o preconceito e a história são delas.
Sobre o filme
Com 1h33m de filme, o longa é distribuído pela H20 Films e conta com a participação da experiente atriz Sandra Carveloni. O drama conta a história de Glória e Graça, duas irmãs que não se falavam há mais de 15 anos e que se vêm obrigadas a voltar a conviver por conta de um aneurisma. Glória, uma travesti bem sucedida dona de restaurante, se vê ocupando um papel de mãe. O diretor Tambellini faz um trabalho sutil de questionamento sobre a configuração tradicional da família.
Preconceito, questionamentos e até discussões didáticas, o filme promete.
