Instituição bancária é condenada a pagar R$ 424 mil por cancelar exposição LGBT+

Redação Lado A 21 de Outubro, 2019 14h36m

A exposição Queermuseu – Cartografias da Diferença da Arte Brasileira causou grande polêmica em 2017. Na época a mostra era exibida no Farol Santander, espaço mantido pelo banco Santander. A exposição foi montada em Porto Alegre, mas devido às inúmeras críticas de conservadores, foi cancelada pelo banco.

Após o cancelamento da exposição, o Ministério Público Federal (MPF) começou uma grande investigação sobre o ocorrido. Agora, a sentença determina o pagamento de R$ 424 mil reais por ter cancelado a Queermuseu em 2017. De acordo com o MPF, o Santander não deveria ter cedido aos protestos contra a exposição.

O valor incial da multa era de R$ 800 mil. Caso não pagasse a multa, o Santander deveria promover outra exposição que ficaria em cartaz até junho deste ano. A nova mostra deveria contemplar questões de gênero, sexualidade, etnia, raça e liberdade de expressão. Após essas recomendações, no entanto, a Justiça permitiu o pagamento da multa parcial, estipulada em 424 mil. Isso porque a nova exposição do Santander, intitulada Estratégias do Sagrado Feminino, optou por não abordar assuntos de orientação sexual.

Queermuseu

A exposição Queermuseu estreou em 2017 no Espaço Cultural do Santander. A mostra começou no dia 15 de agosto e foi interrompida 30 dias antes da data prevista para sua finalização. Isso porque os protestos foram muitos, o que fez com que o Santander fechasse a exposição para não se indispor com seus clientes. Muitos deles estavam ameaçando cancelar suas contas no banco.

As obras foram consideradas impróprias por frentes conservadoras. Além disso, movimentações como o Movimento Brasil Libre (MBL) e políticos religiosos afirmaram que a exposição fazia apologia à pedofilia. Outra argumentação é que algumas obras desrespeitavam a religião cristã, já que exibiam personagens bíblicos em contextos artísticos considerados impróprios.

Devido aos protestos, o Santander cancelou a exposição no dia 10 de setembro. Depois disso a instituição lançou uma nota explicando o ocorrido e se desculpando com o público. De acordo com o banco, algumas obras da Queermuseu desrespeitavam símbolos religiosos. A ação gerou mais protestos, dessa vez de ONGs e frentes LGBT+ que se manifestaram em frente ao Santander Cultural.

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