Promíscuo: O título que todo homem gay tem que lidar

O que é ser promíscuo para você? É sem dúvidas um rótulo com uma carga negativa, ainda mais para os homens gays. Se você teve mais de três parceiros sexuais no último ano, me desculpe, você é considerado promíscuo pela ciência. Claro que isso varia de país e cultura, mas a lógica da Organização Mundial da Saúde é considerar que, em média, uma pessoa tem nove parceiros sexuais ao longo da vida. Isso considerando dados de homens e mulheres heterossexuais, os bissexuais e os gays em devida proporção.

Mas e os homens gays? Segundo dois estudos, os homens que fazem sexo com homens sempre transaram mais. Um estudo de 1978, pré Aids, de Bell e Weinberg (Homosexualities: A Study of Diversity Among Men and Women,) apontou que os gays tinham uma vida sexual muito mais intensa. Lembrando que nesta época o casamento gay não era legalizado e a relação homoerótica era marginalizada. Segundo a pesquisa, 83% afirmaram que tiveram mais de 50 parceiros sexuais durante a vida. 43% destes, afirmaram ter mais de 500 parceiros e 28% mais de mil parceiros sexuais! Lembrando que sexo oral conta.

Já em 1997, um novo estudo Australiano percebeu o impacto do HIV na comunidade e apenas 15% afirmaram que tiveram mais de mil parceiros sexuais durante a vida (A Comparative Demographic and Sexual Profile of Older Homosexually Active Men).

Homens e mulheres tem uma criação diferente, mas e a educação para os homens homossexuais, de onde vem? Vem em parte do modelo patriarcal masculino em que o homem deve estar sempre para o sexo e que seu sucesso sexual quantitativo é motor de sua vida. Os modelos de comportamento homossexual, retirados de sites pornográficos e ídolos, comportamentos auto destrutivos, insegurança, falta de um local seguro para exercer sua sexualidade… levam jovens gays a acharem que precisam reafirmar sua homossexualidade através do sexo. E isto acontece historicamente. Talvez isso tudo explique certa compulsão e automatização do sexo.

Atualmente, com padrões de beleza e sexualidade expostos em redes sociais, os jovens se moldam pelos seus pares e celebridades. A experimentação sexual se tornou imperativa, assim como a troca de parceiros e definições confusas entre amizade e parceria sexual. O sexo ou o gozo facilitado pela internet levam os jovens a uma corrida em que facilmente devem ultrapassar os mil parceiros sexuais antes dos 55 anos de idade.

Um jovem gay que inicia ainda adolescente a sua vida sexual, hoje em média aos 15 anos, tiver em média 20 parceiros sexuais por ano, chegará aos 30 anos com 300 parceiros sexuais. Na idade que muitos afirmam que pretendem encontrar um companheiro.

Não haveria problema algum. Se não fossem os perigos no percurso. Além das doenças sexualmente transmissíveis (mais de 200), as relações humanas criam complicações. Até o sexo sem compromisso, no sigilo, traz fatores de estresse. E mais uma vez muitos jovens gays não estão preparados a lidar com isso, simplesmente por não ter padrões a seguir e tendermos a adaptar modelos. A maioria entra em negação e não lida com isso, simplesmente bloqueando pessoas e ignorando o que aconteceu. Obviamente, isso tudo não some.

Um site de prevenção, feito por uma empresa farmacêutica fez um cálculo de quantas pessoas você envolveu ao transar com uma pessoa, considerando a teoria de 6% de relacionamento entre as pessoas. Varia o sexo e idade do parceiro, mas uma pessoa que transou com 2 homens de 20 a 30 anos, teve 749,861 pessoas em seu network sexual. Clique aqui para calcular.

Ser ou não promíscuo é um rótulo que só julga pessoas, cheio de moralismo e estigmas. Então, use camisinha, faça a PREP se você não tem hábito de usar preservativos e corra os riscos. Seja claro com as pessoas que você se relaciona, cuide bem com quem se envolve e seja feliz. Ninguém tem nada a ver com isso. Se é algo que te incomoda, procure ajudar de um terapeuta sexual. Viver é isso. É entrar na chuva e não tem como não se molhar, mas pense sempre nas consequências, internas e externas, imediatas e no futuro.