Redação Lado A | 24 de Novembro, 2020 | 15h25m |
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Entre o final de 2017, e o início de 2018, uma mulher negra e lésbica teria sido violentada dentro de uma loja da rede Carrefour na cidade do Rio de Janeiro. A juíza Cristiana Cordeiro e o defensor público Eduardo Newton, relataram para a Folha o absurdo caso que atenderam e que não prosseguiu por que foi perdido contato com a vítima. A matéria foi publicada neste final de semana, poucos dias após o trágico incidente da morte de um homem negro em uma loja da rede de supermercados em Porto Alegre. Eles não se lembram do nome da mulher, ou da data da audiência, nem em qual unidade do Carrefour em que o crime teria ocorrido.
A mulher que era obesa, dependente química e já havia sido pega furtando. Ela entrou na sala da audiência de cadeiras de rodas. Ela era acusada de furtar congelados no mercado mas revelou na audiência ter sido vítima de tortura e violência sexual. A detida fora encaminhada ao hospital pelo delegado que atendeu a ocorrência e apresentava lacerações diversas nas partes sexuais.
No Tribunal de Justiça, a juíza perguntou algumas vezes sobre os machucados, e a mulher só contou o ocorrido depois que a companheira entrou na sala de audiência a pedido da juíza. “A mulher disse que os seguranças a levaram para uma salinha da loja, onde teria sido espancada com um pedaço de pau. A outra parte só contou mais tarde, à psicóloga, depois que a juíza determinou sua soltura e que passou pelo atendimento psicossocial. Ela disse que eles a teriam estuprado, também com um pedaço de pau”.
O caso foi acompanhado pelo Núcleo de Defesa da Mulher (Nudem) da Defensoria Pública, que confirmou que atuou no caso, mas afirmou que não chegou a processar o Carrefour “por perda de contato com a assistida na época”. “Normalmente o que se faz é lavrar o flagrante, a parte burocrática, e depois mandar o preso para a custódia e o IML (Instituto Médico Legal) para fazer exame de corpo de delito. Foi uma das primeiras vezes que vi o delegado mandar o preso primeiro para o hospital. Quando tive contato com ela que entendi”, afirmou Newton à Folha. “Além da espécie de fralda, ela tinha marcas no corpo de pancadas que, para ficar marcado no corpo dela que era negra, foram muito fortes. Era uma situação de agressão e humilhação, de ela não conseguir falar para a gente”, relatou o defensor.
O caso revela um histórico assustador de violações por parte do supermercado e aponta a falta de tato do poder público para defender as minorias vítimas de crimes absurdos como esses.
SOBRE O AUTORRedação Lado AA Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa |
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