Essa é uma carta aberta às empresas que dizem ser aliadas a causa LGBTQIAP+

Redação Lado A 05 de Janeiro, 2022 10h02m

Nossas cores E VIDAS não existem somente no mês de Junho! Mas por que é tão percebido
dessa forma? Será que é o suficiente demonstrar apoio somente no mês do orgulho apenas
colocando um arco-íris na logotipo de perfil da empresa?

Que várias usam uma foto colorida para conseguir o pink money é fato! Mas se realmente são
aliadas, e nos outros meses? Usam sua visibilidade para promover alguma campanha de
respeito e conscientização? Contratam pessoas da comunidade ou só tem “amigos que são”?
Eu sou um homem gay com deficiência, então, além da LGBTQIAP+fobia, também luto
diariamente contra o CAPACITISMO (Preconceito e discriminação contra pessoas com qualquer
tipo de deficiência, e desde 2016, o capacitismo é considerado crime no Brasil. Essa
discriminação contra pessoas com deficiência pesa muito na hora de uma entrevista de
emprego, e pertencer a comunidade LGBTQIAP+ juntamente com a comunidade PCD é como
sempre ter a mesma perspectiva de que não estamos aptos a trabalhar naquela empresa pelas
mesmas justificativas preconceituosas e rasas.

Quando se trata de sexualidade, a de pessoas com deficiência é sempre anulada e
invisibilizada, como se nossos corpos não pudessem ser vistos de maneira sexual. Certa vez
tive que ouvir que além de PCD sou gay porque o castigo veio em dobro. O que acaba
abalando o psicológico na hora de tentar buscar por uma vaga de emprego achando que não
somos suficientes para protagonizar e ocupar lugares de destaque.

De acordo com os dados mundiais, mais de 500 milhões de pessoas no mundo todo possui
algum tipo de deficiência, e existe uma imensa interseccionalidade entre essas mesmas
pessoas, na qual as fazem pertencer a outras causas e lutas por conta de suas identidades
sociais ( gênero, sexualidade, classe social, etnia etc). E apenas 1% dessas mesmas pessoas
ocupam vagas em empresas. Então, é indubitável que foto colorida no perfil no mês de junho
não é o que precisamos, precisamos de oportunidades, precisamos de olhares que respeitam
nossa interseccionalidade e não apoiam a diversidade seletivamente e somente em datas de
luta e|ou comemorativas.

Existe um dia nacional para cada luta (E isso é fato), mas a existência dessas pessoas não é só
no dia nacional de luta, porque a luta é diária! Sendo assim, comecem a partir de agora, não
esperem o mês de junho chegar pra vender produtos coloridos porque isso NUNCA vai ser o
suficiente! Queremos ver a INTERSECCIONALIDADE tomando destaque! Isso constrói uma
sociedade mais representativa, diversa e estoura várias bolhas sociais mostrando que as
pessoas são diferentes entre sí por N fatores, que deficiência não é um problema, é só uma
característica humana, que a inclusão é importante e que de fato, temos muito a contribuir!

Deives Picáz é gay, vegano, ativista anti capacitista e produtor de conteúdo digital. Ele estuda publicidade na UFRGS.

 

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa


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