Em outubro de 2015, um cartório carioca oficializou a união estável de três mulheres, reconhecendo e legitimando o poliamor. A família, formada por uma empresária, 34, uma dentista, 32, e uma gerente administrativa, 34, conta que a decisão permitiu que todas fossem incluídas no mesmo plano de saúde, tivessem testamentos vitais e de bens e abriu a possibilidade de terem um bebê que poderá ser registrado com os três sobrenomes, plano que pretendem realizar este ano.
O entendimento, o reconhecimento e os direitos de pessoas que vivem o poliamor ainda são nebulosos no país. Por exemplo, apesar da ação favorável da tabeliã, não há nenhuma legislação ou recomendação legal que legitime a poligamia. Aliás, você sabe o que é o poliamor? O primeiro ponto é que o poliamor depende muito mais de uma relação afetiva do que sexual, então, adeptos de surubas e ménages não são, necessariamente, adeptos do poliamor. A segunda questão de extrema importância é que os poliamoristas defendem que os seres humanos não devem se privar do instinto natural de manter mais de um relacionamento amoroso ao mesmo tempo. Dessa forma, a exclusividade não é uma regra em todos os casos.
Vale ressaltar, entretanto, que o respeito e a concordância são os aspectos centrais de um relacionamento poliamoroso. Todos os envolvidos precisam estar de acordo com as regras estipuladas para que as pessoas somem, ao invés de causar mágoas e problemas.
No caso das três cariocas, a união estável define um amor triplo, como já havia sido retratado no cinema nacional, em “Dona Flor e Seus Dois Maridos” e “Eu, Tu, Eles”. A Tabeliã Fernanda Leitão, responsável pelo registro do trio, resolveu dar melhores contornos ao tema e organizou um encontro, na Casa do Saber do Rio de Janeiro, para debater com convidados de diferentes áreas. Estarão presentes o cineasta João Jardim, da série documental “Amores Livres”, e o professor titular de Direito Civil da Uerj, Gustavo Trepedino. O evento acontecerá no dia 18 de fevereiro.