Se você acompanha o jornal Gazeta do Povo nas redes sociais, já deve ter percebido que o jornalismo deles não é mais imparcial. Cada vez mais as matérias produzidas pelo jornal querem passar uma mensagem que vai além do que somente está escrito na reportagem. É possível perceber que na maioria dos casos uma ideia conservadora demarca as notícias veiculadas pelo jornal. E que o editorial apela para a polêmica atrás de likes e interações. O problema é que isso acaba fortalecendo movimentos contra a garantias de direitos e reproduz um ambiente onde o ódio se alastra.
No dia 4 de outubro, foi publicada mais uma matéria nesse viés. Intitulada de
“Em universidade federal, doutorado sobre orgias gays tem ‘participação especial’ de autor”, a notícia traz que Victor Hugo de Souza Barreto, da Universidade Federal do Fluminense, produziu uma tese de doutorado na área de antropologia estudando orgias homossexuais no Rio de Janeiro. Além do tema, dois outros aspectos deixaram os leitores incomodados: o recebimento de uma bolsa de estudos pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), ou seja, dinheiro público invesitdo na pesquisa, e a forma como o autor pesquisou as orgias gays, através de sua própria participação nas “festas”. Quem assina o texto é o jornalsita Gabriel de Arruda Castro.
Ainda que o pesquisador afirme não ter mantido relações sexuais durante as orgias, sua tese relata alguns contatos físicos, sendo o mais marcante uma ejaculação que Victor recebeu em seu rosto desadvertidamente. A Gazeta também retira alguns pedaços de contexto da tese de doutorado, que possui 348 páginas, e copia partes da conclusão na expectativa de mostrar ao leitor que nada importante foi descoberto nesse trabalho. Com o teor da escrita do texto e do conteúdo da tese, somando-se a fase que o Brasil tem passado com as censuras dos museus às formas artísticas, é claro que a matéria gerou polêmica nas redes sociais! Embora sempre sejamos advertimos de não ler os comentários das notícias online, fizemos esse sacrifício e selecionamos algumas opiniões que resumem a discussão em torno do assunto.
Alguns, como o Urubu, vieram com o discurso de que isso é ditadura gay: “Se fosse uma orgia h.étero, muito provavelmente não seria permitido fazer a tese do doutorado, alegando que era um assunto pro.míscuo e ba.nal. Como trata-se de orgia g.ay, ai de quem não permitisse! Seria taxado de homo.fóbico etc, etc, etc. Realmente, estou começando a acreditar que a orientação se.xual dá super poderes às pessoas” (Sic.).
Outros, como o Alysson Silva Barbosa, colocaram a culpa nos cursos de humanas e sociais, porque, claro, nosso Brasil tem uma sociedade perfeita e só precisa investir em tecnologia: “Sou a favor do Brasil passar umas 4 décadas sem ofertar cursos de humanas! O Brasil precisa de matemáticos, engenheiros, físicos! Esse tipo de coisa não acrescenta em nada para a nação”.
Teve quem foi um pouco além, como o Gratidão, e já culpou logo todas as faculdades federais do Brasil: “Temos que EXTINGUIR as faculdades federais do Brasil. Todas. Sem exceção. Caso demore, pelo menos os cursos de humanas e socias”.
A maioria acabou utilizando ótimos argumentos, como nos casos abaixo:
Marcelo da Luz
“Ninguém pode negar que a bibinha suou e ralou um monte para merecer o dinheiro das bolsas pagas com o nosso dinheiro…”
Marcos Albuquerque
“Dinheiro do povo pra esse viado participar de orgias com outros baitolas! Que futuro desses nossos pesquisadores! Kkkkkkk”
Eleandro Tersi
“Que alegria ter nascido em 1974, época em que fumar era bonito e dar o cu era feio…”
Por outro lado, teve o Tutu Dez que além de demonstrar sua homofobia mostrou toda sua ignorância quando o assunto é HIV, não sabendo que a transmissão do HIV tem crescido mais entre os héteros que entre os gays no Brasil:
“O capeta precisa inventar logo algo pior que o HIV pra acabar com os sodomitas, fato!”
E poucos foram os comentários criticando a matéria, provavelmente porque como já falamos, a Gazeta do Povo tem adotado uma ideologia conservadora e muitos usuários que não concordam com essa tendência deixaram de seguir o jornal nas redes sociais:
Jorge henrique lima de carvalho
“Está mais fácil ler sensacionalista! Que hipocrisia resumir o trabalho de anos de uma pessoa em frases. Acho que a banca é muitíssimo gabaritada para aprovar algo.”