Raiza Luara | 29 de Agosto, 2019 | 13h35m |
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Em 29 de agosto é o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica. A data marca a representatividade e destaca o “L” do LGBT de forma a considerar as diferentes demandas da mulher lésbica em meio a um contexto social LGBTfóbico. Baseada no machismo que historicamente oprime mulheres, a LGBTfobia mata e retira direitos que deviam abranger a todas as pessoas.
A data do dia Nacional da Visibilidade Lésbica foi criado em 1996. Na época, o 1º Seminário Nacional de Lésbicas realizado no Rio de Janeiro objetivou discutir sobre o apagamento e violação de direitos de mulheres em virtude de sua orientação sexual. Desde então, a data ficou lembrada como um dia de resistência para mulheres lésbicas.
Durante todo o mês de agosto, organizações de mulheres lésbicas promovem eventos e debates sobre o assunto. A violência machista retira direitos das mulheres e ainda mais de lésbicas. Um dos motivos é que elas rompem a norma social da heterossexualidade e assim recusam a posição e submissão ao sexo masculino.
O apagamento da sexualidade lésbica e o machismo sofrido por essas mulheres é denominado lesbofobia. Além da fetichização e objetificação que colocam as lésbicas como atração para heterossexuais, há a negligência da saúde delas. Isso porque ainda não há estudos e métodos suficientes sobre o assunto. Além disso, socialmente o sexo lésbico ainda não é considerado sexo, o que afasta os esforços e iniciativas de prevenção da saúde sexual de mulheres que se relacionam com outras mulheres.
Outra data simbólica para o movimento lésbico é o dia 19 de agosto. Conhecido como Dia do Orgulho Lésbico, a data lembra o dia de uma grande manifestação iniciada por mulheres lésbicas no Brasil em 1983. Na ocasião, ativistas do Grupo Ação Lésbica Feminista (Galf) protestaram contra os abusos que sofreram dentro de um estabelecimento, o Ferro’s bar.
Local de reunião de ativistas LGBTs e artistas, o bar foi acusado de censurar uma iniciativa de mulheres lésbicas. As ativistas elaboraram a publicação “ChamacomChana”e tentaram distribuí-la entre os presentes. No entanto, apesar de ser um local LGBT, o bar expulsou as ativistas e censurou a distribuição do “ChanacomChana”. A manifestação das lésbicas contra a proibição ficou conhecida entre os ativistas como o “Stonewall Brasileiro”, em referência à Revolta de Stonewall durante os anos 60, em Nova Iorque.
A falta de dados sobre a violência que acomete mulheres lésbicas é mais um sinal de apagamento. Muitas autoridades ainda não consideram a lesbofobia como motivação para preconceitos e violências. Em alguns casos, que ainda são poucos, admite-se a violência machista contra as mulheres. Por outro lado, ainda não há o devido recorte sobre sexualidade.
Diante da falta de informação, o grupo de pesquisa Lesbocídio – As histórias que ninguém conta, do Núcleo de Inclusão Social (NIS) e do Nós Dissidências Feministas, fez um levantamento sobre dados de violência contra mulheres lésbicas no Brasil. O “Dossiê Lesbocídio no Brasil”, demonstra resultados entre os anos de 2014 até 2017. A pesquisa ainda aborda o período entre 1983 a 2014. Nesses anos, o número de mortes de lésbicas foi crescente, demonstrando uma maior incidência em 2013. Em 2014, foram 14 mortes com idades entre 19 a 29 anos em sua maioria. As mulheres negras também formaram o maior numero de vítimas. A partir de 2014, os números só aumentaram, chegando a 26 mortes em 2015 e 30 em 2016. Por fim, em 2017, o Dossiê contabilizou 54 casos.
SOBRE O AUTORRaiza LuaraCientista social, professora, feminista, lésbica, redatora da Lado A e empreendedora. |
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