Redação Lado A | 19 de Março, 2020 | 12h21m |
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O Supremo Tribunal Federal votaria hoje, 5ª feira (18 de março de 2020), uma ação para permitir que homens homossexuais e bissexuais possam doar sangue sem restrições. A Anvisa (Agência Nacional em Vigilância em Saúde) exige que homens que mantiveram relações com outros homens esperem por 1 ano após uma relação sexual para poderem doar.
Na sessão do dia 11, nada foi decidido, mas a retomada da discussão sobre a restrição aqueceu os debates sobre o tema, movimentando a comunidade LGBT. Entretanto, por conta da pandemia do Corona Vírus, a sessão foi cancelada.
Mesmo com a derrubada da restrição da doação de sangue por homens gays, as mudanças podem demorar para acontecer. Entenda como é a entrevista para doação de sangue e porque ela é discriminatória:
A entrevista pré-doação de sangue pode variar de hemocentro para hemocentro, mas em geral engloba perguntas como se o doador fez tatuagens ou piercings recentemente, e se já teve relação sexual com alguém do mesmo sexo. Já para heterossexuais, a pergunta sobre a prática sexual se restringe a perguntar se a pessoa está em um relacionamento estável nos últimos 6 meses.
Ou seja, a entrevista subentende se o doador é homossexual ou teve qualquer tipo de relação com pessoa do mesmo sexo nos últimos 12 meses, se enquadra em “grupo de risco”, portanto, deve ter a doação rejeitada.
Isso quer dizer que hoje, se um homem que transou com outro homem, só pode doar sangue se passar 12 meses sem sexo (apesar de todo sangue doado ser testado). Essa regra não vale quando um homem transa com uma mulher.
A mesma lógica serviria para avaliar pessoas que fizeram tatuagem ou piercing, ou que usaram drogas injetáveis, uma vez que a pergunta correta para avaliar o fator de risco seria se a pessoa utilizou materiais descartáveis, e não se ela fez uma tatuagem há 11 meses atrás.
No entanto, dados apontam que casais heretossexuais e casados também se contaminam, e o principal motivo seria a prática de sexo sem preservativo fora do relacionamento, o que causaria a contaminação do parceiro ou parceira.
Para o Dr. Drauzio Varela, “casais estáveis também devem fazer exame de HIV, já que com diagnóstico precoce, as chances de controlar o desenvolvimento do vírus são maiores”, conforme informa neste artigo em seu portal.
O que você pode fazer a respeito
É importante falar sobre o tema com seus parentes e amigos, e disseminar a importância desse direito na comunidade LGBT. A doação de sangue é em benefício de um terceiro, e mesmo pessoas que não são doadoras podem em algum momento precisar de doação de sangue, ou mesmo desejar ajudar um parente.
Por isso, é importante que todos tenham direito a doar sangue com base na ciência, e não em preconceitos.
Petição online
De acordo com a ONG All Out, mais de 18 milhões de litros de sangue são desperdiçados anualmente devido à restrição. Por isso, a organização iniciou uma campanha chamada “Sangue Limpo É Sangue Sem Preconceito”, para fazer pressão no STF a respeito do tema, e já recebeu mais 22.000 assinaturas.
SOBRE O AUTORRedação Lado AA Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa |
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