Psicóloga defensora da “cura gay” poderá ser Cidadã Honorária de Curitiba

Nesta segunda-feira, 6 de junho, a Câmara de Curitiba votou sobre um projeto de lei proposto pelo vereador Ezequias Barros (PMB), sobre uma homenagem à psicóloga Deuza Maria de Avellar. O projeto concede à Deusa o título de Cidadã Honorária de Curitiba. Favorável à “cura gay”, a psicóloga foi homenageada pelo vereador Ezequias, que a considera uma mulher de bom posicionamento.

Dentre os 38 vereadores, 19 votaram a favor do projeto, enquanto 2 se absteram e 5 foram contra. As vereadoras Professora Josete (PT), Carol Dartora (PT) e Maria Letícia (PV) se colocaram contra a proposta e Dartora apresentou um parecer sobre sua posição contrária ao projeto. Além disso, os vereadores conservadores e o próprio relator do projeto, Ezequias, quiseram comparar a homossexualidade com a pedofilia. A vereadora Professora Josete imediatamente rebateu afirmando que políticas sobre gênero e sexualidade não têm ligação com qualquer apologia à pedofilia. O vereador Renato Freitas (PT) também votou contra a proposta e disse que a fala de Ezequias que afirmou que a pedofilia é defendida pela esquerda se trata de uma falta de decoro. Já para a vereadora Maria Letícia, as afirmativas e debates sobre gênero não podem ser censuradas, e isso impacta nas políticas inclusive para mulheres. “É aí o começo do machismo” afirmou Letícia.

Durante a sessão, o vereador autor do projeto, Ezequias Barros, afirmou que existe uma “ideologia de gênero” em curso nas escolas. Além disso, ele apresentou o currículo da homenageada Deuza Avellar e afirmou que a conhece há mais de dez anos, sendo ela de sua inteira confiança.

Avellar é psicóloga e empresária, além de prestar serviços de assessoria para empresas. Evangélica, a homenageada afirma em vídeos na internet que a homossexualidade é fruto de uma doutrinação, ou lavagem cerebral. Em suas falas polêmicas, a psicóloga defende ainda que da mesma forma que é possível ser gay, é possível ser ex-gay.

A votação teve um segundo turno nesta terça-feira. Caso aprovado o projeto, Deuza receberá o título de Cidadã Honorária de Curitiba.

Nota de repúdio

O Segmento LGBT Socialista do Paraná, do Partido Socialista Brasileiro (PSB) emitiu uma nota de repúdio contra o projeto de homenagem à Deuza Avellar. O texto cita as falas homofóbicas da psicóloga, além de lembrar que o projeto é uma ofensa em pleno mês do Orgulho LGBTQIA.

“O fato fere toda a comunidade de lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e intersexuais (LGBTI) que frequentemente é atacada pela homenageada em seu canal de vídeos na internet.”, afirma a nota. Os membros ainda agradeceram os parlamentares que votaram contra a proposta.

Cura gay

Desde 1990 a Organização Mundial da Saúde (OMS) determinou que a homossexualidade não poderia mais ser tratada como doença. Já em 1999 o Conselho Federal de Psicologia (CFP) proibiu que qualquer profissional da área oferecesse terapias de conversão sexual.

O assunto veio à tona na política brasileira em 2011 quando o então deputado federal João Campos (PSDB-GO) protocolou um projeto para suspender a proibição do CFP. Sob muitos protestos, a proposta de Campos foi aprovada em 2013 pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. No entanto, 15 dias depois, o próprio João Campos pediu o cancelamento da tramitação de seu projeto sob orientação de seu partido que não concordou com a proposta.

Os deputados votaram a favor do arquivamento do projeto, com exceção do PSOL que, além do cancelamento da tramitação, exigia que o projeto não pudesse mais ser apresentado.

Cancelado na Câmara dos Deputados, a proposta foi reapresentada por João Campos dias depois, mas dessa vez obteve muitos votos contrários dos vereadores. No entanto, de acordo com as regras da Câmara dos Deputados, o indeferimento tem prazo de validade e poderá ser apresentado novamente a qualquer momento.