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Redação Lado A 28 de Maio, 2014 21h26m

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O cineasta e teórico queer Diego Semerene, doutorando em Artes Cinematográficas e Estudos de Gênero na Universidade do Sul da Califórnia, em Los Angeles, fez uma interessante análise de uma cena que todos nós já vivemos no texto “Nossos heróis ainda são os mesmos”. A análise aborda algo que todos nós já vivemos: um pai orgulhoso exibindo e sexualizando seu filho em frente aos amigos, promovendo e decretando a heterossexualidade da criança. Neste caso, ele comenta uma cena exibida no último Domingão do Faustão em que o jogador Neymar, depois de dar um selinho no filho, pede para o garoto de 2 anos mostrar como se beija as menininhas. A criança não faz, então o pai ordena mais quatro vezes e demonstra, nervoso, depois do menino não dar bola, botando a língua para fora e movimentando no ar. David demora a repetir e o pai diz olha lá, ao ver o menino botando a língua para fora… mesmo quando a câmera já focava no apresentador no estúdio, vibrando com a macheza comprovada do filho. A cena foi discreta, mas as palavras do colunista do site Brasil Post mostram bem como se dá a construção e imposição da heterossexualidade às crianças.

“A criança, visivelmente constrangida, se recusou a mostrar. Neymar insistiu mais quatro vezes, “Como que dá beijo nas menininha?”, colocando sua própria língua pra fora e fazendo uma espécie de mímica de um beijo de língua, cuni- ou anilingus. Finalmente, Davi obedeceu o pai e demonstrou, como um golfinho que sucumbe à insistência de seu treinador, colocando sua língua de 2 anos para fora e imitando os movimentos eróticos do pai. Essa espécie de pedagogia infanto-sexual tosca demonstra não só como o processo de heterossexualização da criança se dá de maneira coerciva, e como somos tão cegos a ela, mas como o sexismo continua sendo pré-requisito de masculinidade no Brasil”, diz o texto.

O colunista ainda faz um paralelo com a cultura do estupro, ao sexismo, a sexualização das crianças, esquece de falar da construção da homofobia, mas está claro que tudo está relacionado. Vendo a cena, parece exagero, mas o texto é preciso em revelar que são atitudes assim que criam meninas e meninos de formas tão diferentes e machistas. 

Confira o texto aqui.

Confira a cena (minuto 7:45) aqui.

 

Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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