Com quase 40 minutos, o documentário “Bichas”, do diretor pernambucano Marlon Parente, já conquistou mais de 150 mil visualizações no Youtube em apenas 4 dias. Ao contar a história de cinco recifenses, Bruno Delgado, Igor Ferreira, Italo Amorim, João Pedro Simões, Orlando Dantas e Peu Carneiro, o filme aborda questões sobre a repressão e as dificuldades em se ter uma sexualidade desviante da normativa e sugere a palavra bicha como uma forma de empoderamento da comunidade homossexual.
Ao estilo de depoimento, simples, sem interferências externas – no máximo uma ou outra risada do entrevistador ao fundo – as personagens vão se abrindo para o público, contando como se assumiram para suas famílias, como enfrentaram suas reações e lidaram com a homofobia em locais públicos. Todos na casa dos 20 anos, eles tem o sentimento comum de serem bichas e se autodeclararem assim, para quem perguntar.
O texto que descreve o documentário no Youtube faz uma explicação que não poderia ser melhor: “Esse filme fala, antes de tudo, de amor. Para ser mais exato: de amor próprio. A palavra BICHA vem sendo usado de forma errada, como xingamento. Quando na verdade, deveríamos tomar como elogio”. Uma das maiores lições da obra tange esse aspecto. Pare pra pensar, quantas vezes você tentou se distanciar da palavra bicha porque ela representou uma ofensa pesada na sua infância? Quantas vezes você sentiu ódio de bichas acreditando que, por culpa delas, você carrega um estereótipo que não é seu?
Esse questionamento é necessário, porque é provável que boa parte dos homossexuais ainda carreguem esses sentimentos. Mas, na realidade, o que você deveria fazer é se empoderar dessa palavra, resignificá-la de forma positiva , e por quê? Ítalo Amorim responde: “A bicha que mais deve ser valorizada é a bicha afeminada, é aquela bicha que dá a cara à tapa a todo momento, porque desde criancinha sofre preconceito, cresce com isso e amadurece muito mais rápido. A cara do movimento gay é a bicha afeminada, e a gente deveria ter essa ideia de que a gente pode ser quem a gente quiser”.
Assista ao documentário: