Caio Fernando Abreu completaria 70 anos hoje

Redação Lado A 12 de Setembro, 2018 21h50m

Se estivesse vivo, Caio Fernando Abreu completaria hoje 70 anos. O escritor, poeta, jornalista e dramaturgo morreu em 1996 acometido pela Aids. Suas obras foram as primeiras a compor a literatura LGBT no Brasil dentro do contexto repressivo da ditadura militar. Durante o período de 1970 a 1980 Caio Fernando Abreu fez parte do rol de escritores mais ousados da época.

Caio nasceu no município de Santiago, no Rio Grande do Sul. Iniciou seus estudos na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) na década de 1960, na área de artes cênicas e letras. No entanto, logo abandonou os cursos para começar a trabalhar como jornalista em revistas de sua época.

Na literatura o autor ficou conhecido por obras como “Morangos Mofados”, de 1982. Começou com o romance “Limite Branco”, publicado em 1970. Em seguida, lançou mais obras como O Ovo Apunhalado, de 1975 e Ovelhas Negas, de 1988, entre outros. Suas obras eram consideradas revolucionárias para a época conservadora em que vivia. Nas entrelinhas de suas palavras poéticas e metafóricas, o autor incluiu questões sociais como o tabu da sexualidade, homoerotismo e solidão, sempre com um ar dramático.

Seu posicionamento crítico e político enquanto jornalista atraiu os olhos conservadores da época da ditadura militar no Brasil. Por isso, o autor se exilou durante um ano na Europa nos anos de 1970. Viajou pelo continente visitando países como Inglaterra, França, Suécia e Espanha, trazendo mais tarde para as suas obras um pouco da cultura que adquiriu em sua experiência fora do Brasil.

Declaradamente homossexual, foi perseguido também por esse motivo no Brasil ainda mais conservador daquela época. Na obra “Morangos Mofados”, o escritor fala sobre o preconceito e a discriminação sofrida pela comunidade LGBT. Com a censura da ditadura militar, Caio abusa de metáforas para denunciar a opressão sofrida pela população da qual ele fazia parte com muito orgulho.

HIV

Caio Fernando Abreu descobriu ser portador do vírus HIV em 1993. Nessa época ele escrevia uma coluna no jornal O Estado de S. Paulo. Então o autor aproveitou o veículo de comunicação para fazer uma das primeiras abordagens sobre HIV. Em uma série de crônicas que escreveu, a última delas, publicada em dezembro de 1995, falou abertamente sobre o assunto. Intitulada “Mais uma carta para além dos muros”, a crônica descrevia sobre o sofrimento de uma pessoa diagnosticada com o vírus.

Das poucas vezes em que o assunto HIV era abordado, havia sempre uma desinformação e preconceito da época. A associação do vírus HIV exclusivamente à comunidade LGBT aumentava ainda mais a repressão contra esse grupo. O escritor conseguiu em seus escritos levantar a bandeira desse assunto de forma emocional e comovente com o ar melancólico de suas obras. Com a conquista de muitos leitores e admiradores, Caio conseguiu de forma sutil e ao mesmo tempo escancarada, colocar em evidência os tabus da sociedade através da descrição de seus próprios sentimentos.

 

 

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SOBRE O AUTOR

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa


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