Novo Ministério publica órgão LGBT mas ministra é flagrada dando declaração polêmica

Redação Lado A 03 de Janeiro, 2019 14h42m

Apesar de dizer que vai defender a população LGBT, a ministra Damares Alves disse em vídeo que está circulando na internet que “menino veste azul e menina veste rosa”. A afirmação da ministra do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos reforça estereótipos de gênero que há muito tempo vem sendo desconstruídos.

No primeiro dia do mandato de Jair Bolsonaro (PSL), saiu a MP 870/2019 que não cita mais medidas específicas para a população LGBT. Diante da polêmica, uma fonte do Ministério informou que os LGBTs estaria inclusos no item que cita minorias sociais. No documento anterior sobre as competências do antigo Ministério dos Direitos Humanos, o Decreto nº 9.122/2017, havia um item específico para ações sobre a população LGBT. Em contrapartida, foi publicado no dia 2 de janeiro o Decreto nº 9.673. Nesse documento o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos humanos voltou a citar especificamente, como no documento da gestão anterior, a população LGBT.

Mesmo com o novo documento reconhecendo melhor as reivindicações LGBT, Damares não se conteve em dar declarações polêmicas. Seu posicionamento é claramente conservador, o que torna questionável suas poucas e rasas afirmações sobre inclusão LGBT. Em recente vídeo da internet, ela fala sobre meninas vestirem rosa e meninos vestirem azul. Além disso, ela afirma que “começou a nova era no Brasil”. Tal bordão é repetido incansavelmente por apoiadores do LGBTfóbico presidente Jair Bolsonaro.

Controvérsias

No ano passado Damares se reuniu com entidades LGBT e afirmou seu compromisso com essa população. Por outro lado, permite a publicação de medidas que excluem os LGBT. Além disso, ela afirma que o Estado é laico, mas que ela é “terrivelmente cristã”, e que defende a família. Suas afirmações sobre a manutenção de núcleos familiares dizem respeito ao reconhecimento apenas de famílias heteronormativas.

A ministra Damares acredita no que os conservadores chamam de “ideologia de gênero”. O termo é usado para se opor às diversas identidades de gênero, sexualidades e o respeito à essas pessoas. A mesma ideia afirma que existe uma doutrinação ideológica por parte de partidos de esquerda e da educação no Brasil.

Outra afirmação polêmica de Damares é com relação à defesa da vida desde a sua concepção. Seu posicionamento é contra o aborto e seu conservadorismo é extremo. Junto com o atual governo, isso fragiliza a atual legislação sobre o tema. No entanto, a equipe do ministério de Damares é composta por oito secretarias, sendo que quatro delas serão comandadas por mulheres.

Veja o vídeo

 

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