Deputado homossexual do partido de Bolsonaro diz “não tenho orgulho de ser gay”

O deputado estadual de São Paulo, Douglas Garcia (PSL), aproveitou a polêmica envolvendo Neymar para dizer que é assediado por pessoas interesseiras desde que se assumiu gay. Ele revelou que tem sido procurado pelos “Maria Gabinetes”. Ele se assumiu gay depois de ser ameaçado de ser exposto, após dizer que bateria em uma pessoa trans se a encontrasse em um banheiro.

No último final de semana, o bolsonarista criticou a data do Mês de Orgulho LGBTQ+. “Mês do orgulho LGBT uma pinoia… Não tenho orgulho de ser gay, pois isso não define caráter, eu tenho orgulho de ser quem eu sou. Parem de colocar todos os gays nessa babaquice”, afirmou ele.

Ora, o deputado não deve saber mas o “orgulho gay” movimento ao qual se comemora 50 anos este ano, não tem a ver com ser gay no sentido literal apenas, mas exatamente ser cidadão. O movimento surgiu em 1969 em Nova York quando gays eram extorquidos e apanhavam da polícia. Não cuspa na história que te trouxe até aqui.

Foi a partir deste movimento, que se descriminalizou a homossexualidade (ainda considerada crime em mais de 70 países, em 6 deles com pena de morte). Foi a partir deste movimento que foi retirada a homossexualidade do rol de doenças da Organização da Saúde, em 1990. Antes, gays eram tratados com lobotomia e eletrochoques, enviados para manicômios.

O movimento do orgulho LGBT é crucial para que jovens não se matem ao serem apontados na escola, na igreja, e em outros lugares, por serem diferentes. Não se trata de orgulho de “transar com pessoas do mesmo sexo”, mas orgulho de sobreviver, todos os dias e ser cidadão, cada um com sua história e dores, mas que poderia ser muito diferente se não tivéssemos resistido e lutado todos os dias nos últimos 50 anos.