Torcida LGBT+ do Internacional sofre homofobia por parte de torcedores e é obrigada a trocar de nome

Redação Lado A 13 de Agosto, 2019 12h18m

O grupo Orgulho Vermelho é uma torcida LGBT+ do Internacional formada em maio deste ano. Para conseguir adeptos, o torcedor Thiago Vargas, de 21 anos, fez uma grande mobilização online para formar a torcida. Além de tratar da pauta LGBT+ dentro do futebol promovendo respeito e representatividade, o Orgulho Vermelho ainda se movimenta contra o racismo e o fascismo.

Inicialmente, o grupo foi idealizado por Gabriela Azevedo, de 26 anos, junto com Thiago Vargas. Os dois torcedores do Internacional se identificam como bissexuais. Além disso, eles consideram que, entre os LGBTs, os bissexuais sofrem um grande apagamento pela falta de representatividade.

Por fim, o grupo é formado também pela advogada trans Luísa Stern, de 53 anos. De acordo com Stern, o preconceito não a atinge diretamente pois ela não é lida socialmente como transexual. Por outro lado, no início de sua transição, preferiu não frequentar os jogos de seu time. O motivo era o medo de sofrer o preconceito que inclusive Gabriela Azevedo já sofreu em algumas partidas.

Colorido

Antes de se chamar Orgulho Vermelho, a torcida LGBT+ do Internacional se chamava Colorido. No entanto, o nome não agradou aos demais torcedores que fizeram ameaças para que o coletivo abandonasse o termo. A motivação é de que Colorido seria uma mistura entre Colorado, apelido do time Internacional com Colorido, que faz uma alusão à bandeira LGBT+.

Apesar da boa ideia para o nome de um coletivo LGBT+, Colorido é como os torcedores do Grêmio chamam o seu rival Internacional. A atitude de trocar o Colorado por Colorido é justamente associar a torcida do Internacional à comunidade LGBT+, só que de forma pejorativa e homofóbica por parte da torcida do Grêmio.

Diante disso, os organizadores Vargas e Azevedo precisaram mudar o nome do coletivo devido às ameaças que receberam. Além disso, Vargas tentou associar o então Colorido com a torcida LGBT+ do Grêmio, a Coligay. O fato também desagradou aos demais torcedores do Internacional pela rivalidade e pela homofobia internalizada na torcida em geral. Por outro lado, a comparação de Vargas entre o Orgulho Vermelho e a Coligay era uma forma de passar por cima da rivalidade e se unir contra a homofobia. A Coligay foi fundada em 1977, ainda durante a Ditadura Militar, e é um importante símbolo de resistência LGBT+ no futebol.

Para não se indispor com a torcida do Internacional e continuar inserindo os LGBTs nos estádios, Graziela Azevedo e Thiago Vargas decidiram alterar o nome da torcida LGBT+ do clube. Agora, o nome da torcida se chama Orgulho Vermelho. No entanto, eles não participam dos jogos identificados como uma torcida LGBT+ pois ainda temem represálias.

 

 

 

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa


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