Redação Lado A | 13 de Dezembro, 2019 | 09h40m |
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A Ditadura Militar no Brasil, período de repressão que durou entre 1964 a 1985, censurou muitas manifestações artísticas. Entre músicos, atores e escritores estava Cassandra Rios, que apesar da censura se tornou a primeira mulher brasileira a vender 1 milhão de cópias de seus livros.
Dos 50 livros que publicou, 36 foram censurados na ditadura militar e isso fez com que ela fosse a escritora mais censurada desse período. Mesmo assim, ela enfrentou a censura e ficou muito prestigiada na literatura brasileira.
A primeira obra de Cassandra Rios, pseudônimo de Odete Rios, foi A Volúpia do Pecado. A obra foi lançada em 1948, quando o Cassandra tinha 16 anos. O livro conta a história de amor entre duas adolescentes.
Com Volúpia do Pecado, Cassandra se tornou a primeira escritora de erotismo para lésbicas do Brasil. Esse pioneirismo, no entanto, chamou a atenção dos militares de forma negativa. Devido a abordagem da sexualidade lésbica e do sexo em geral, a obra de rios foi muito censurada e perseguida por “ofender valores familiares”. Para se camuflar diante do preconceito, Cassandra foi casada durante alguns anos com outro homem, mas a relação era de fachada. A escritora também nunca chegou a ter filhos.
Na época, a perseguição militar envolvia apreensão de livros, invasão de domicílio, tortura física e psicológica.Cassandra Rios era uma das poucas escritoras que vivia com a renda de seus livros. Familiares afirmam que ela possuía imóveis, veículos e uma livraria custeada com a venda de suas obras, principalmente Volúpia do Pecado. Devido a repressão, a escritora perdeu tudo.
Após o AI-5, que intensificou a repressão no Brasil, Cassandra sofreu ainda mais. Sua livraria foi fechada e seus livros foram apreendidos. Alguns especialistas afirmam que eles foram para a fogueira. Esse seria o motivo pelo qual os livros de Cassandra são tão difíceis de serem encontrados.
Mesmo com a repressão, Rios não desistiu de escrever. Afinal ela foi a primeira na profissão de escritora no Brasil. Sob um pseudônimo masculino, Cassandra voltou a publicar seus romances eróticos. Dessa vez é escritora percebeu que a censura foi menor. Além de escrever fora do padrão heteronormativo, Cassandra era mulher e o conservadorismo da época condenava tal atitude em mulheres.
A escritora morreu em 8 de março de 2002, aos 69 anos. De acordo com seus sobrinhos, Cassandra era inteligente e afetuosa. Por isso, ficaria horrorizada com a recente onda conservadora que se instalou no Brasil.
SOBRE O AUTORRedação Lado AA Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa |
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