Curitibano faz sucesso fazendo faxinas e ama sua profissão

Redação Lado A 13 de Agosto, 2020 15h32m

COMPARTILHAR

TAGS


Todo trabalho é digno. No falso glamour do mundo gay, há quem olhe torto para o trabalho doméstico ou de limpeza. Mas tem muita gente ganhando dinheiro nesta profissão ou conseguindo se sustentar durante a pandemia. Com a escassez de oportunidades, trabalhar de diarista pode ser uma saída rápida, se a pessoa tiver talento para isso, claro. Conversamos com o Marcos, curitibano de coração, que há 12 anos vive de fazer faxina na casa e escritório de terceiros. Bem sucedido, apesar de confeiteiro e comissário de voo certificado, ele não pensa em buscar outra profissão.

Aos 17 anos, Marcos saiu de Ponta Grossa, a 100 km de Curitiba, após a morte de seu pai. Veio para Curitiba para ficar perto da mãe que dois anos depois também veio a falecer. Ele foi morar na Europa, onde faxina não é um tabu para os imigrantes brasileiros, mas não exerceu a profissão. De volta ao Brasil, tudo mudou em um domingo bem colorido quando acontecia a Parada da Diversidade de Curitiba.

“Fui com meus amigos curtir a parada e me perdi deles, aí encontrei uma amiga com sua namorada que fazia muito tempo que não a via. Fiquei na companhia delas, acabamos esticando pra uma balada pós parada e fui dormir na casa dela. Segunda de manhã queria sair bem cedo procurar emprego pois estava desempregado. Ela me convenceu a ficar em sua companhia para conversar já que estávamos só nos dois. Ela visitando clientes e eu esperando no carro. Comentei com ela que na quinta-feira iria limpar o apê do meu amigo que eu já limpava a meses. Aí, ela começou a fazer minha cabeça pra trabalhar como diarista. Passamos a manhã toda falando nos benefícios e obstáculos que eu enfrentaria seguindo na profissão. Paramos para almoçar e do nada entrou um amigo meu e ele precisava de alguém pra limpar o apê dele”, conta ele.

A coincidência e apoio dos amigos fez ele perceber o filão e encarar o preconceito: “Será? Pensando se iria sofrer preconceito ou não? Como vai ser? Vou ter trabalho suficiente pra pagar minhas contas? Sobreviverei dessa profissão?”, titubeou ele que seguiu em frente. Após 45 dias, ele já estava com a agenda lotada, só com as indicações do tal amigo, que é cabeleireiro e amigo do primeiro que ele foi limpar a casa.

“Eu amo o meu trabalho e a cada dia que passa é o trabalho que me sustenta, que me abriu tantas portas. Orgulho é a palavra que resume tudo que sou e tenho através dessa profissão”, conta Marcos. Amizades foram criadas a ponto de terminar em lágrimas quando alguém se mudava de Curitiba. A diária de faxina do Marcos custa atualmente 170 reais!

Uma das clientes do Marcos, a designer e artista plástica Ana Maria Camargo, 54, fez questão de participar da matéria ao saber da reportagem. “O Marcos começou limpando nosso escritório. Há 6 anos no escritório e há um ano e meio na nossa casa. O Marcos tem muitas qualidades, tem bom humor, sempre nos anima. Muito profissional e caprichoso. Honesto, posso confiar a chave da casa, a chave do cofre”, se derrete a patroa. “Hoje em dia o Marcos faz parte da família. Tornou-se um grande amigo”, complementou ela.

Hoje, ele se dedica também ao futebol e faz parte do time curitibano Taboa FC e viaja o país com os amigos em torneios do esporte.

(as fotos sem máscara foram tiradas antes da pandemia)
Para saber mais do trabalho do Marcos, ou contratá-lo, acesse Instagram dele aqui.


Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

COMPARTILHAR

TAGS


COMENTÁRIOS