Por falta de união, artistas e produtores culturais LGBTI do Paraná perdem 12 bolsas de 20 mil reais

A Secretaria de Estado da Comunicação Social e da Cultura do Paraná lançou, em outubro, o Prêmio Jornada em Reconhecimento à Trajetória que agraciou com 20 bolsas de 20 mil reais para 20 segmentos culturais. O prêmio selecionou e premiou artistas, mestras, mestres, grupos e coletivos do território paranaense que tenham prestado relevante contribuição ao desenvolvimento artístico ou cultural do Paraná. O sistema era de auto indicação no SISPROFICE do Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura.

Os 400 prêmios, no total de 8 milhões de reais, tiveram recursos provenientes da Lei Federal 14.017/2020 – Lei Aldir Blanc. Poderiam participar pessoas físicas e jurídicas, domiciliadas ou com sede no Paraná há, no mínimo, por dois anos. A inscrição foi até o dia 23 de novembro de 2020 e para participar bastava enviar um vídeo de 5 a 10 minutos contando a trajetória e enviando documentos e fotos para comprovar.

As áreas segmentadas foram Cultura Tradicional, Cultura de Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais, Cultura Afro, Cultura LGBTQIA+, Cultura de Refugiados, Migrantes e Apátridas, Cultura Hip Hop, Fanfarras, Bandas Marciais, Dança, Cultura Alimentar, Teatro, Música, Literatura, Artes Visuais, Circo, Audiovisual, Ópera, Arte Educação e Técnicos. Nas áreas que não tiveram os 20 projetos classificados, o prêmio foi remanejado para outras áreas. Alguns segmentos como bandas marciais, cultura alimentar, fanfarra e ópera também não alcançaram 20 premiados.

A Lado A não ficou sabendo do edital e ao menos três organizações não governamentais LGBTI da capital afirmaram que só souberam do edital ao ver as postagens dos vencedores. Uma tristeza, pois muita gente merecia esse prêmio também. Sem falar nos artistas tradicionais da cidade que passam necessidade frente à pandemia. O que chama a atenção não é apenas a divulgação ruim do prêmio mas não partilha da informação por parte dos concorrentes, principalmente aqueles que têm obrigação representativa, que defendem a cultura LGBTI, o que acaba prejudicando toda a comunidade. Foram 240 mil reais que deixaram de ser investidos na Cultura LGBT do Paraná. Uma grande perda.

Foram premiados com a Jornada em Reconhecimento à Trajetória 2020: César Almeida e o Teatro Queer Curitibano; Grupo Dignidade – Pela Cidadania de Gays, Lésbicas e Transgêneros Grupo Dignidade – Uma Trajetória; Lucas Francisco Scalco Los Bonecos; Ricardo Marinelli Martins “Princesa Ricardo Marinelli – cuidado com aquele bizarra!”; Laysa Carolina Machado Transjetória; Josely Figueiredo da Costa “Jo Mistinguett“; Selvatica Ações Artísticas “Selvática Ações Artísticas”; Renata Borges Branco, Trajetória Cultural de uma Mulher Trans-Artivista do interior do Estado do Paraná.

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